quinta-feira, 9 de agosto de 2012

NANA MOUSKOURI - A PLACE IN MY HEART ΝΑΝΑ ΜΟΥΣΧΟΥΡΗ BLOOMY GARDENS !

The Starlite Orchestra - "AMADA MIA, AMORE MIO" / OST Woody Allen "To Ro...

Rio de Janeiro, Brasil

Aquarela do Brasil - Toquinho

Liza Minnelli - Live at Avo Session - New York, New York (2011) HDTV

Aznavour et Minnelli - Mon emouvant amour

ilusão de ótica

ilusão de ótica

 

Foto: sou esta mulher que tu não consegues ver
sou o vulto que passa ao largo
escondes-me por trás de olhos negros
sem luz, para ti, que pensas me ignorar,
mas brilho, sabias? brilho intensa e internamente,
sigo brilhando pelo mundo e para o mundo,
apesar das vestes, das mantas, das burkas, 
das maquiagens, dos rímeis, sombras, batons,
não consegues apagar a intensidade e a interiorização
da luminosidade que emito...
sou esta fêmea fulgurante que caminha pelas ruas do planeta
pelas florestas dos continentes, pelos becos das megalópoles,
pelas sendas dos desejos carnais, pelos caminhos das conquistas espirituais, sou feita de plasma e material incandescente,
trago o sol dentro de mim, e nem tentes me ofuscar...
queimar-te-ei as intenções.. desde o florescer de cada uma delas...
por séculos, por milênios, sou aquela que se ressurge em todas as outras... 
para te proteger de ti mesmo, crio-te no meu ventre, te acolho,
dou-te vida..dou-te chances...dou-te perdões e te abandono quando te vejo assim... sem me conheceres verdadeiramente...
já que não consegues me reconhecer...me ver ou me entender...
apareço como star de shows e te iudo...
sou esta mulher que tu preferes perceber como uma ilusão de ótica...
Maria Aparecida Torneros ( agosto, 2012)

 

sexta-feira, 22 de junho de 2012

TO ROME WITH LOVE - conferenza stampa con Allen, Benigni e Cruz WWW.RBCA...

To Rome With Love Trailer HD

A Visita de Piaf
Um céu nublado inundou a cidade de Paris, naquela primavera fria, de 1950.
Marie nem podia crer que era ela mesma, a própria Piaf, a famosa compositora e intérprete, que estava na sua frente, tão frágil como um pequeno pardal. E seus olhinhos brilhavam refletindo os sentimentos de uma mulher apaixonada e atormentada.
Piaf chegou devagar, na sombra de um sorriso, trouxe para a mulher que a recebeu na porta da loja de conveniência, o tom da sua melancolia, a cor pálida da sua incompreendida vida, seus anseios de amor e a pressa de chegar a um lugar que desconhecia. Parecia sem rumo a pequenina cantora. Disfarçada com óculos escuros, e imenso sobretudo, tinha os cabelos envoltos num lenço de seda em matizes de branco e negro. Figura lendária, Marie logo percebeu estar diante de uma deusa da paixão e legítima representante da perplexidade da vida.
Falaram-se monossilabicamente. Piaf buscava cigarros e uma garrafa de bebida quente. Estava sozinha, sem rodeios, sem maquiagem, saltara de um táxi. Eram quase dez horas da noite, Marie preparava-se para cerrar o lugar, depois de um longo e cansativo dia.
Olhou com certa reserva aquela criatura que parecia menor ainda, muito mais frágil do que se podia pensar, além de trazer as mãos tão finas com dedos longos, unhas crescidas e tratadas, Piaf lhe oferecia um semblante com ares de pedinte de companhia.
Marie convidou-a a sentar e as duas puseram-se com os olhos cruzados, ao redor de uma pequena mesa, enquanto eram providenciadas duas taças, um cinzeiro, como se fosse um ritual. A artista acendeu um cigarro, olhou a jovem com atenção, recebeu de volta uma mirada indagadora, porém doce.
As palavras custaram a sair de suas bocas. Havia, por outro lado, um sentido de estranheza, de parte a parte. Quem seria aquela moça aparentemente mansa, trabalhadora de uma lojinha, que se dispunha a ficar só , até aquelas horas, em rua semi deserta, à espera de um último freguês?
Nos pensamentos confusos de Marie, como podia aparecer naquela loja tão inexpressiva, uma cantora de fama internacional, assim solitária e tão carente que era posível ler nos seus gestos a insegurança dos aflitos e a inteligência indecifrável dos grandes gênios.
- Só preciso de umas tragadas e de uns dois copos. Depois me vou e não a incomodo mais. Você deve ter uma família esperando, em um lar tipicamente francês, não é?
- Não é, ( Marie prontamente respondeu), moro sozinha, vim do interior, tenho 29 anos, não tenho um amor, conheço todas as suas canções, e hoje, talvez seja o momento mais importante da minha vida.
Piaf sorriu então um sorriso aberto. Tinha encontrado a pessoa certa na hora certa e o lugar lhe pareceu perfeito. Precisava registrar aquele instante. Sua vida era uma sucessão de emoções, altos e baixos, buscas e perdas.
Perderia por certo o contato com Marie , qual era mesmo seu nome? perguntou...
Mas, como suas lembranças eram muito fortes, desde a infância passada no prostíbulo, Piaf se habituara a ler os rostos das mulheres mal amadas e sonhadoras, e a traduzir em canções seus intensos , nostálgicos e dissimulados afazeres.
Logo, ao deixar para trás a loja, ia mesmo recordar Marie, símbolicamente, levaria dentro de si, o arremedo de aconchego que a jovem lhe oferecera, talvez pudesse guardar mais, para compor alguma canção de amor, algum dia, em homenagem à vendedora humilde e amiga. Piaf não conseguiu pagar a conta. Marie impediu-a, sentiu-se à vontade para presentear a artista com a bebida e os cigarros, sabia que esta lhe dera mais, em contrapartida, lhe ofertara o prazer de receber aquela incrível e inesperada visita.
Acompanhou a cantora até a calçada para chamaram um táxi. Quando Piaf entrou no carro, Marie abaixou-se , pegou suas mãos, beijou em reverência, agradeceu sua arte, sentiu que lágrimas fizeram brilhar os olhos da divina compositora.
Aí, num ato reflexo, Piaf, acariciou a cabeça da jovem, e falou baixinho: - Hoje, estou voltando à França e recomeçando tudo. Faz um ano perdi o grande amor da minha vida, num acidente de avião, e como você, Marie, serei sempre só, mas, nós, as mulheres sozinhas, sabemos que tudo não passa de uma perspectiva... no fundo, estamos mais acompanhadas do que nunca, pelas nossas lembranças e por um infinito desejo de viver.
E pediu ao motorista que desse partida. Se foi, Marie manteve-se como estátua por minutos vendo o carro sumir na noite, ouvindo a voz de Piaf confessando-se solitária, sentindo ainda sua mão amiga afagando seus cabelos e sobretudo, descobrindo, definitivamente, que teria a companhia da estrela, junto de si, por toda a vida.
Em 1955, anos depois, Piaf apareceu triunfante, num show magnífico no L'Olympia de Paris. No final do espetáculo, recebeu uma embalagem com um presente no camarim, só foi abrir bem tarde, já em casa, depois da noite maravilhosa da sua volta ao sucesso. Na caixa, havia uma carteira de cigarros, uma garrafa de conhaque e um bilhete, "Para que jamais se sinta só, nas noites em que volta à França. Com a minha companhia, Marie."
Maria Aparecida Torneros

Edith Piaf - L'Effet Que Tu Me Fais

Edith Piaf - Les feuilles Mortes

Edith Piaf - Embrasse-moi (rare)

Edith Piaf - C'est l'amour

segunda-feira, 14 de maio de 2012

MARC ANTHONY & JOSE LUIS PERALES-Y COMO ES EL

Algo Mas que dos Amigos

Sérgio Godinho & Camané - Ela Tinha Uma Amiga

68-Camané & Maria Da Fé-" Senhora Do Livramento "-Coliseu Dos Recreios "

Sofia Barbosa & Amália Rodrigues - Estranha Forma de Vida

Katia Guerreiro Estranha Paixão

Katia Guerreiro - Os Meus Versos

Julio Iglesias & Roberto Carlos - Solamente una vez

sábado, 25 de fevereiro de 2012

Eu Quero Apenas - Roberto Carlos

Charleston ( Midnight in Paris ) : Enoch Light Orchestra..

21
Jan

Resenha: Contra-ataque do amor por Maria Aparecida Torneros

5

Contra-ataque do amor
Autora: Maria Aparecida Torneiros
Editora: Usina de Letras

Esse livro não possui uma sinopse assim como também não existe uma forma de dizer como é a história do livro até porque ele não trás uma única história e sim várias.
Contra-ataque do amor, se trata de um livro de contos e memórias sobre relacionamentos e principalmente sobre o amor e a paixão.
É um livro pequeno e muito bem escrito  e os contos estão de certa forma ligados um ao outro.
Diferentemente de outros livros desse gênero eu não achei uma leitura arrastada,  muito pelo contrário li o livro em menos de uma hora.
Lendo os contos eu tive a sensação de já ter vivenciado ou de ter conhecido alguém que já vivenciou muitas daquelas histórias.
 A autora é uma grande defensora dos direitos femininos talvez por esse motivo conseguiu retratar muito bem os sentimentos de nós mulheres em diversas situações.
É um bom livro para você ler e relaxar por alguns minutos, acredito que mesmo quem não gosta muito de livros de contos irá gostar deste.

Para saber mais visite o blog: http://contra-ataquedoamor.blogspot.com/

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Whitney Houston, Judy Garland, histórias que se entrecruzam...‏

Em meio ao noticiário triste sobre a perda de Whitney Houston fui assistir com duas amigas a peça sobre a vida de Judy Garland, vivida no palco pela excelente Claudia Netto.
Duas estrelas com fins parecidos. Em idades semelhantes, de causas que envolvem drogas, apesar de talentos imensos, vidas envoltas em crises existenciais profundas, mortes solitárias, amores distantes, provavelmente, falsos amores por divas que encantam gerações e se desencantam dentro dos seus universos interiores. Poderia citar muitas e muitos. Os reféns do sucesso, os prisioneiros da mídia, os aquartelados da máquina propulsora que os impele a vender música, fazer shows, filmes, apresentar-se em tournês fantásticas, correndo o mundo de cidade em cidade, de  hotel em hotel, engrossando faturamentos de uma indústria opressora que os recompensa com ... bem...aqui eu páro e reflito... com o que mesmo estas criaturas de vozes e talentos maravilhosos alcançam felicidade e paz interna, com suas famílias, no seu trabalho, na sua trajetória marcada pelas fugas e recomeços?

Não vou citar...outros e outras, deixo que cada um faça sua própria lista. A tal lista da piedade pelos que nos oferecem tanta beleza e a quem devolvemos cifras em bilheterias ou compra de cds e dvds, ou idolatria  e assédio que certamente não os prenchem nas horas solitárias, no instantes em que precisam se olhar nos espelhos da alma e nem se reconhecem mais em sonhos ou esperanças.

A peça de Judy mostra bem seus momentos de decadência e sua necessidade de drogas. Ela revela que na adolescência , quando gravou as cenas de O mágico de Oz, a drogaram, muitas vezes para que aguentasse o ritimo frenético do trabalho. Depois, para o vício, foi um passo progressivo, deve ter sido assim também com Whitney, somando-se desilusões amorosas, expectativas por sentimentos reais que não se baseiem em uso do seu incomparável marketing, do investimento em suas performances perfeitas ou do mundo pequenino de onde nunca conseguiram sair, mas que fingiram ultrapassar para as luzes dos refletores das noites de entrega dos grandes prêmios que sempre renderam milhões de dólares.

As histórias de ambas, no meu domingo, se entrecruzaram. Ao ouvir a personagem Judy cantar Smile, eu lembrei do belo sorriso de Whitney nas vezes em que a apreciei, em filmes ou televisão.

Sorrir pode ser um artifício magnífico para esconder uma dor insurpotável.
Psicotrópicos podem ajudar no processo e podem levar a um final assim...
Quantas e quantos mais? Insisto em não citar, os leitores podem enumerar e traduzir para si mesmos as mensagens das divas... Eu sempre amarei você... Além do arco-íris...
Chaplin, com Smile, resumiu tudo...e era justamente esta a canção preferida de Michael Jackson, ironia de um destino semelhante, bem, acabei citando um deles, o menino que a máquina transformou também em consumidor voraz de medicamentos, bolinhas, etc. etc...

Meu consolo, ter a certeza de que o público de milhões de fãs de todos estes ídolos, sempre os amarão, e muitas vezes, ao reverem ou reouvirem suas apresentações, poderão se emocionar ou até sorrir, apesar dos pesares e dos narcóticos.

Cida Torneros      

Star Spangled Banner Whitney Houston

Julio Iglesias & Alejandro Fernandez - Dos Corazones, Dos Historias

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Nana Mouskouri & Serge Lama - Duo - Parle-moi

Nana Mouskouri "Only Love"

Falem-me de amor... e me compensem o avesso da sorte! (texto de 29 de junho de 2010)

Falem-me de amor... e me compensem o avesso da sorte! (texto de 29 de junho de 2010)

Falem-me de amor... e me compensem o avesso da sorte!




Fui sorteada ao avesso, em pleno sábado, dois assaltos em menos de quatro horas de intervalo.




O primeiro, no caixa eletrônico, de manhã, dois homens bem apessoados levaram-me dinheiro e eu chamei a polícia. Escafederam-se, não me apontaram arma, até um deles me pediu desculpas, mas fiquei sem entender direito sua atitude, chamei-o de "abusado".


Depois, na delegacia, o sub-delegado me disse que eu correra risco de ser nocauteada, sei lá, coisa que o valha. Fiquei brava, com raiva, impotente e nem consegui chorar. No caminho de casa, a pé, usei o celular e eis que um pivete veio correndo, me tomou o dito cujo da mão e saiu correndo. Eu, ora, gritei, tudo que podia, soltei o verbo, impropérios, um homem tentou pegá-lo mas ele era como um maratonista ziguezagueando na contramão do trânsito, pouco mais de meio-dia, sumindo pela rua, como um bólido. Levou com ele minha agenda, para mim, tão preciosa. A companhia telefônica não a resgatou pois eu, inadivertidamente, a salvara no aparelho e não no chip, talvez não seja essa a explicação técnica correta, parece que eu teria que ter um contrato para resgate de agenda em caso de perda ou roubo, mas eu desconhecia isso.


Então, abalada, mas inteira, no final da tarde de suposto "azar", fui ao salão de cabeleireiro e me produzi para ir ao teatro municipal e assistir a partir das oito da noite, a ópera "O Guarani".


Durante algumas horas, voei na música, na história e na intensidade de sentimentos que se misturavam desde o palco até meu assento no balcão superior, de onde eu observava o quanto é compensador ouvir falar de amor.

Uma aura de encanto tomou conta do meu momento. Nem era mais importante lembrar a violência, eu estava ali, tinha a sorte verdadeira de assistir ao espetáculo. A orquestra perfeita, os arranjos maravilhosos, o coro me embalando a um céu de paz, de bons fluidos. Os larápios, pensei de repente, não tinham aquela felicidade a que eu podia ter acesso, quem seriam eles, onde estariam àquelas horas, enquanto desfrutavam do "meu" dinheirinho ou do meu ex-aparelho celular?

Mundo estranho, paradoxal. O pior roubo, pensei, seria se me privassem de ouvir canções e palavras de amor. Em situação semelhante, eu estaria mesmo "roubada", pois o amor é o ar que preciso respirar, quando ele me chega pelas notas musicais, pelas vozes cadenciadas, por olhares sensíveis, ouvidos atentos, enlevos sonoros, sons de fagotes, oboés, harpas, violinos, instrumentos de sopro, maviosos cantos de tenores, contraltos, baixos, enternecedores diálogos musicais que expressam a alma humana em sua pura existência, na plenitude de doar-se a quem ama sem roubar-lhe a sede de viver, oferecendo-lhe oxigênio em forma de carinho, dedicação, fidelidade e aconchego.


Passados poucos dias, vou me reorganizando, comprei novo aparelho, refaço a agenda, refaço contas para superar o dinheiro perdido, agradeço as oportunidades que a vida me dá para refletir suas paradoxais intempéries, sigo e supero.



Ouço então a voz doce da grega Nana Mouskouri, na calada da madrugada, sozinha, e consigo pela primeira vez, desde aquele sábado, verter uma lágrima, emociono-me. Eu não tinha conseguido chorar, em face das investidas dos ladrões, tinha sentido muita impotência, mas, durante o espetáculo clássico, somente me arrepiei sem extravazar a confusão de sentimentos represados que acumulei naquele dia.

Mais dois dias e nada. Só a sensação de fazer parte de um mundo moderno e louco, de uma sociedade imperfeita, de uma cadeia de omissões sociais, de uma humanidade capaz de auto-agredir-se, de violentar-se, de ludibriar-se, de mentir, de usurpar seu semelhante, mas, claro, não é a totalidade da espécie, é parcela dela, é um lado da transgressão, uma fatia do bolo social, talvez a banda podre do inconsequente descaso com que certa camada ou classe tenha sido tratada.


E o amor? Acho que o ladrão que me pediu desculpas, mesmo me roubando, tinha um ínfimo arremedo dele, ao me observar possessa, reclamante, ameaçando chamar a polícia,certamente, transtornada e doida, pois ele e seu comparsa podiam ter me derrubado fisicamente, mas não o fizeram. Fugiram, deixaram-me sem o dinheiro, mas com a cabeça intocada, o corpo tremendo, mas de pé, o olhar perplexo, mas aguçado em direção ao que veria mais tarde.


Um teatro lindo restaurado, um conjunto de atitudes que são fruto do amor à arte, à cultura, ao estudo da música, vidas inteiras de pessoas que ali sintonizavam a meiguice e a fortaleza que só uma ópera é capaz de despertar em seus altos e baixos, seus volteios e ápices, a viagem dos sonhos, o esquecimento das vicissitudes do mundo lá fora.


O amor, falem-me dele, por favor. Falem-me sempre. Repitam que o amor é a compensação do avesso da sorte. Deixei que desfilassem no meu pensamento, durante a ópera, imagens de carinho, afeto, familiares, amigos, amores que se foram, amores que sobrevivem, amores que virão. Agora, consigo verbalizar os acontecimentos, com a devida isenção me permitindo superar medos, minimizar ódios, buscar perdões interiores, agradecer chances e amar o amor, o mesmo amor que tanto inebria como atormenta, que acrescenta horizontes, que se bifurca em encruzilhadas escuras, mas que sabe encontrar caminhos de luz, nas horas certas, quando alguém se apaixona, perdidamente, ou renuncia ao amor, ou o persegue, ou dele foge, ou por ele morre, ou para ele vive, além da própria morte.


Se me vierem falar de algo concreto, como o episódio violento de um assalto na grande cidade, por favor, compensem-me repetidamente, contando histórias de amores inesquecíveis, amantes capazes de se entregarem aos prazeres, enamorados sonhadores, criaturas que esperam por toda a vida por um par que os compreendam, os acompanhem, lhes segurem as mãos, caminhem ao seu lado, por décadas, embevecendo suas almas, desafligindo, sobretudo, seus corações. Sem entretanto, roubarem tampouco sua esperança por momentos felizes ou sequer a crença na bondade humana que ainda é possível, se o amor também o for.


Cida Torneros

2 comentários:

  1. joaovideirasantosOct 27, 2010 02:03 AM
    O amor...

    ...que abre as palpebras da felicidade e as fecha na perspectiva da realidade que o sonho congemina...

    ___________

    É sempre um prazer regressar aos seus escritos.

    Beijos
    ResponderExcluir
  2. Contra-ataque do amorNov 3, 2010 10:19 AM
    João vc escreve sempre tão bonito que me emociona..beijo
    Cida
    ResponderExcluir

Cuando vivas comigo...

Novembro, século XXI, 2010. Minha amiga liga de Alicante. Está em férias, eu a substituo, em seu trabalho, deseja saber se está tudo bem, digo que fique tranquila, tenho dado conta e que aproveite sua estada na Europa. Ela me descreve a emoção da Itália, onde passou  umas duas semanas, com o novo namorado, um inglês que vive no sul da Espanha.  Conta sobre Veneza, Milão, Florença, Gênova e Roma. Diz que chorou ao ver o Coliseu, tanta história,  sensibilidade  humana, fala do quanto se lembrou de mim pois tem certeza de que eu vou adorar aqueles lugares. Respondo-lhe que irei, brevemente. Pergunto sobre o novo amor. Ela vibra, tem na voz a inquietude adolescente de uma mulher de 50 anos, e o chama ao telefone para que eu repita o que acabei de lhe dizer: Bring him with you to Brasil! Ele me ouve, rapidamente, diz que virá passar aqui o ano novo, quer conhecer o país da sua amada, também transmite o som dos enamorados no tom melodioso que o amor imprime à voz humana.

Tenho testemunhado amores, meus e dos outros, vida afora. Vibro sempre. Afinal, amar é um prêmio que nos é oferecido na existência, quando somos capazes de doar, oferecer, admirar, compartilhar, colocar-se ao lado, torcer a favor,  dividir as agruras, comemorar as vitórias, padecer as dores, acumular energias  positivas para usá-las nas horas difíceis.

Lembro então de uma canção, estilo guarânia ,  intitulada,quando vivas comigo, interpretada pelo espanhol Julio Iglesias. Um homem de cabeça branca que promete oferecer juventude a  uma mulher pela qual está apaixonado. Oferece aulas de amor, para  aquela que poderá aprender com ele a querer como nunca soube fazê-lo antes, diz que seu amor sem o amor dela nada vale, vai ensiná-la os segredos do amor, quando viverem juntos. Singela, simples, direta, preciosamente afetiva, traduz o cerne das promessas de amores cheios de esperança.

Quantas vezes terei ouvido promessas semelhantes? Ainda bem que as ouço, de vez em quando, no limiar do tempo passado e na doçura do tempo presente, de bocas sedentas de carinho, talvez  mergulhadas na ilusão do amor perfeito, aquele que não chega nunca.

Mas, os amores que vem e vão, as tais aves de verão, os sentidos universais de  bem estar e carinho, estes  são reais, vibram nas vozes dos apaixonados, repercutem nos peitos dos enamorados, reverberam nas vozes dos  presenteados por momentos inesquecíveis, os tais instantes de amor, que vivem contigo, comigo, conosco, com nossos amigos e amigas, lá no fundo dos seus corações, no âmago das suas almas, na emoção mais profunda dos monumentos históricos onde  é possível chorar ao ver como o ser  humano é capaz de ultrapassar milhares de anos, séculos de impérios , como foi o romano, o grego, o inca, centenas deles, com  uma vertente que os sustentou, a sede  de conquistar espaços físicos e emocionais.

O amor, este sempre esteve, está e estará, no pano de fundo que enseja a busca da realização humana. Estou feliz com a felicidade da minha amiga e do seu novo amor.

Ouço a música, imbuída da certeza de que, quando vivas comigo, saberás o que posso ensinar, mas eu também, decerto, aprenderei a ser menos egoísta, a ter a contemplação dos sábios, e trocaremos flores em lugar de farpas, brindaremos a luz do sol ao invés dos clarões das bombas, abraçaremos nossos corpos luminosos , apesar da morte.
                                 Maria Aparecida Torneros

Julio Iglesias - Cuando vivas conmigo.

Cida Torneros: Cidades históricas de Minas e as “coincidências”

Postado em 30-10-2011
Arquivado em (Artigos) por vitor em 30-10-2011 11:29

Ouro Preto – Minas Gerais
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Minas na “coincidênciaS”
Cida Torneros
Na sessão de terapia, um comentário sobre a interessante sincronicidade que observo na vida, quer dizer, na minha… antes de sair, peguei a revista Bravo na caixa de correio e deixei em casa para ler na volta.

Também, atendi um telefonema já quando ia por a chave na porta. Voltei para ouvir minha amiga Áurea, de Belo Horizonte, que conheci na Itália, onde ela e o marido Francisco participaram do mesmo tour que eu e Katia fizemos há alguns meses. Minha reação de alegria correspondeu à coincidência(?) pois ontem, resolvendo sobre um passeio que quero muito fazer às cidades históricas de Minas Gerais, combinei com Katia nossa ida em 12 de novembro, descobri uma excursão que se encaixa com o feriadão da República, com três noites passadas na capital mineira. Falei então, o mais rápido que pude (estava atrasada) para a Áurea que vamos vê-la num desses dias, quando estivermos em BH, e aí, vou lhe entregar as fotos (fiz muitas do casal na Itália) já que a bagagem deles havia extraviado e ficaram sem máquina para registrar a viagem. Disse a ela que nem mandei por correio por causa da longa greve e que apareceu a oportunidade para conhecer a Gruta de Maquiné (incluída a visita no roteiro), e Congonhas do Campo, onde eu quero muito ver as obras do Aleijadinho.


Na verdade, fui a Ouro Preto, a trabalho, uma vez, quando o presidente Itamar Franco, juntamente com os presidentes da Argentina, Paraguai e Uruguai, assinaram um grande acordo do Mercosul. Deve ter sido em 1996, acho, fiquei encantada com a cidade, mas tinha que cobrir o evento, correr de um lado para outro e passar matéria para o Rio. Pensei que devia voltar lá com calma. De outra vez, uma amiga me convidou e fomos juntas a S.João del Rey e Tiradentes, viagem do tipo vapt-vupt, ela ia pagar uma promessa numa igreja de lá, deve ter por aí, uns quinze anos, e também decidi que deveria voltar ali, há muita história, precisava de um guia local, o ideal seria fazer , quando pudesse , uma excursão.


No roteiro que escolhemos, estão incluídas, além de Belo Horizonte,todas esses lugares que quero rever e os que desejo conhecer. Um deles, o Museu Guimarães Rosa, em Cordisburgo, sua terra natal.


Bem, fui à terapia, houve a conversa sobre as “coincidências” da vida, e ao retornar a casa, me deparei com um artigo intitulado ” Chá com Elizabeth Bishop”,na revista Bravo, escrito pelo americano Michael Sledge, que descreve suas duas visitas à cidade de Ouro Preto.

Ele é autor de “A arte de perder”, romance que tem Elizabeth Bishop com personagem, a famosa poeta americana que viveu no Brasil, tendo comprado uma casa em Ouro Preto, cidade pela qual ela se apaixonou.


O articulista relata que em 2003, na sua primeira vez, foi em busca de um caminho de investigação, já que pretendia escrever um livro baseado na vida de uma escritora “querida e icônica, cujo status nas letras norte -americanas cresce notadamente com o tempo”.

Ao se referir ‘a segunda visita, em julho passado, Michael conta que desta vez visitou a casa que fora de Elizabeth.


” Quase uma década tinha se passado desde a primeira vez que estive na frente dessa porta. Naquela época, eu lia tanto as cartas dela sobre sua casa em Ouro Preto que sentia que podia andar vendado pelas salas, que podia até ouvir as conversas que aconteceram entre os moradores… A empregada serviu chá na sala, em uma mesa tão apertada que as xícaras se tocavam. Escolhi um lugar. Sentei na cadeira de Elizabeth Bishop.”


Envolvi-me com a leitura do artigo, mas percebi novamente a tal sincronicidade…Voltar a lugares pela segunda vez, buscar histórias, identificar antigas conversas, inalar a poesia da velha e querida Minas Gerais, berço de Drummond, de tantos poetas, de Tiradentes, o soldado da Inconfidência, de arte sacra, barroca, patrimônio brasileiro, de tamanha tradição, de presença marcante na política nacional, de onde saiu um JK, um Tancredo, uma Dilma hoje presidenta.


Gabei-me então de poder fazer turismo no meu próprio país, tão convidativo e intrigante quanto a velha Europa, e poder sentir o apaixonamento que Bishop deve ter sentido por estas bandas de cá.


Michael finaliza assim, “coincidentemente”, adentrando meu coração, sacudindo minha alma de brasileira com seu texto: ” Como Elizabeth, eu havia chegado ao Brasil como turista. E, como ela, descobri um país intoxicante em sua beleza, na generosidade de seu povo, na linda e louca poesia que permeia sua vida diária. Elizabeth Bishop abriu a porta para o Brasil e eu entrei”.

Maria Aparecida Torneros é escritora e jornalista, mora no Rio de Janeiro, onde edita O Blog da Mulher necessária
Comments
Cida Torneros on 31 outubro, 2011 at 9:15 #
Vitor e amigos do Bahia em Pauta, quando eu for, no feriadão da Proclamação da República, prometo contar as sensações que Minas me trará de volta…com certeza…abração carioca pra todos vcs!

Julio Romero de Torres Relaxing

Cordoba: La ciudad, la Mezquita

Museo Julio Romero de Torres, Córdoba

JULIO ROMERO DE TORRES

La Morena de mi Copla

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Deolinda - como "Brasileira" canta Fado

ROBERTA MIRANDA ..... EU TE AMO

Aguaviva: poetas andaluces, versión original

LA VIRGEN MAS GUAPA DE ANDALUCIA ES...

Carlos Saura's Carmen (Tabacalera) - Cristina Hoyos & Laura Del Sol

andalucia

Sevillanas De Carlos Saura - Actuales

Patrizio Buanne - 'Parla Piu Piano'

Gianni Morandi - Parla piu piano

Roberto Alagna -Parla piu piano

Roberto Alagna "Pourquoi me réveiller" Werther 2007

"Una furtiva lagrima" Saimir Pirgu -Teatro Dell'Opera Roma February 2011

FEMME FATALE. aguilarojafans.com/.wmv

Romancing Stills Of Tarun And Vimala Raman In Wet Dress

Carne tremula trailer, Live flesh trailer, Penelope Cruz, Javier Bardem,...

Salaam Aaya - Veer

Love Passion - Arabic & Spanish - Habibi ya nour el - My darling "Habibi...

Gipsy kings & Alabina habibi ya nour el ein rare version

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Diane & Jack Tribute

Eu te adoro, meu amor Paula Fernandez com Roberto Carlos em Copacabana

Eu te Adoro Meu Amor - Roberto Carlos (Ao Vivo no Programa Jovem Guarda)

Roberto Carlos - É tempo de amar - 1967

Elle tu l'aimes - Hélène Ségara (Legendado)

Non Monsieur. je n'ai pas 20 ans_Juliette Gréco

Juliette Greco - J'arrive

JULIETTE GRÉCO - L'Âme des poètes + Lyrics

L'hymne à l'amour - Celine, Johnny and Maurane - June 9th 07

L'hymne à l'amour - Celine, Johnny and Maurane - June 9th 07

CELINE DION et JOHNNY HALLIDAY L'ENVIE avec les 500 choristes.

Celine Dion - Quand On N'a Que L'amour

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Sarah Brightman - Snow On The Sahara (A Desert Fantasy Video)

kazem alsaher كاظم الساهر - حيارى يا زمان 2011

Sarah Brightman & Kadim AlSaher - The War Is Over

IRRITANDO FERNANDA YOUNG - BABY DO BRASIL DE JESUS- parte 2 - 9-5-2010.mpg

Andrea Bocelli "O Sole Mio " Live on stage in Tuscany

Celine Dion & Bee Gees - Immortality

julio iglesias - seguiré mi camino

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Charles Aznavour - Le temps

Sabina & Serrat 22) Y nos dieron las diez...

Sabina & Serrat 16) Mediterraneo

Le Temps... a surpresa do amor, o mistério da vida... resposta ao tempo...

Uma boa conversa via internet, repentinamente, me faz atravessar o tempo...meu interlocutor encontra-se em Argel, capital da Argelia, visitando sua terra de origem, já que vive na França, desde tenra idade.

O tempo, eu me pergunto, para que ele serve, na vida e na morte das pessoas. Tem tantas histórias que o tempo engrandece e outras tantas que ele apaga, o tempo revela coisas antes impublicáveis mas também pode sepultar para sempre amores que não vingaram, que não se superaram, que se escafederam, para surpresa de corações pulsantes que um dia acreditaram em amores eternos. Mas, como não imaginar que a eternidade seja a própria brevidade do mistério que é a vida. Que são 80 ou 100 anos na história de alguém ou da própria humanidade? São nada ou quase nada. Para se respeitar algo consistente em termos de tempo, faz-se mister contar centenários ou milênios, talvez mais um pouco, ou talvez menos? Um amor que dura meses é amor também? Mais do que o tempo de sua duração, a intensidade dos seus sentimentos ou a fortaleza dos seus propósitos? Quem sabe o inquietante ir e vir de expectativas ou mesmo a surpresa dos sentidos incontroláveis, sejam hormonais ou racionais? Corpos que se glorificam, brilhando em torno da luz de alguma boa fala, em qualquer língua dissonante...Salam!!! saudo meu amigo árabe, meu amigo francês, meu amigo argelino, em momento feliz por saber que ele existe e eu também. Saber que é possível atravessar as ondas do tempo, através dos ventos, alcançar terras distantes, perceber a magia dos encontros que a vida oferece e apesar de tudo, crer na efemeridade do nosso tempo por aqui, nossa passagem por um mundo tão intenso e misterioso, tão diferenciado em raças, hábitos, culturas, histórias...


Do outro lado, meu amigo me fala de Farfar. Sua vila de nascimento, de onde saiu aos 3 anos para viver com a família, em Paris. Avisa-me que no próximo domingo irá ali, visitará familiares velhinhos, alguns beirando os 100 anos, que por lá fincaram raízes, onde ele reencontrará suas origens, enquanto ainda há tempo para trocar algo substancial ou espiritual com sua própria gente.


Falo que no Rio de Janeiro o calor está grassando, ele me diz que lá está muito frio. Rimos juntos das nossas falas entrecortadas em línguas díspares, um pouco do francês, de minha parte, mal escrito, uma dose consensual de inglês, algumas saudações em espanhol e árabe, palavras soltas em português, que tento  explicar, principalmente no que diz respeito ao futebol, do qual ele é fã inconteste.


Ele me diz que ama o Brasil desde 1970, desde a Copa do Mundo. Já se passaram mais de 40 anos e no entanto, as imagens daquela Copa estão marcadas em mim  e nele, que nem sequer imaginávamos um dia nos conhecermos ou falarmos sobre isso.


A vida segue, cheia de surpresas, os amores que confessamos são tão importantes quanto os que nem ousamos imaginar, os mistérios do tempo nos enveredam por almas religiosas ou não, aí está a física para provar ( ou pretenciosamente questionar) que não há espaço-tempo, no final das contas.


O mundo roda, gira a Terra, somos o nosso próprio tempo, em corpos que se buscam ou se bastam, que se desenvolvem ou se desgastam, em mentes que se surpreendem ou se deterioram, em crenças que se arraigam ou se amansam, aí vamos nós...


Ao nos despedirmos, podemos dizer Au revoir, Salam, Adiós, Até logo, Bye, ou somente... silenciar , com o tempo...


Ao nos reencontrarmos, qualquer dia desses, talvez em Paris, talvez no Rio de Janeiro, quem sabe em que tempo, poderemos  zombar do tempo, como faz a Nana, na canção...ou será que o tempo é que zomba de nós? Vou voltar no tempo e re-ouvir a música...Resposta ao tempo, uma das mais lindas que já escutei, pode ser que, com o tempo, eu consiga decifrar quem de nós controla o próprio tempo ou simplesmente o joga pelo ralo com as águas da chuva? 


Ah, lembrei...o tempo ri, na letra da canção...vale a pena passar como o tempo passa...

Diz que somos iguais...ele é o tempo...

Nós somos o que ele nos deixa ser...

Isso me consola...pelo menos, agora...


Maria Aparecida Torneros

Serrat y Sabina Cantares

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Parlez-moi d'amour : Milva..( Midnight in Paris )

A Guerra Está Declarada - Trailer legendado

‘A guerra está declarada’ já é candidato a melhor filme do ano

qui, 05/01/12
por Luciano Trigo |
categoria Todas
Cena do filme
Quando Romeo e Juliette se conhecem numa balada, especulam, brincando, se não estariam condenados, pelos nomes, a um destino trágico. Jovens e felizes, após pouco tempo de namoro eles ganham um filho, Adam. O bebê representa para o casal algo muito maior e mais difícil  que o desafio do amadurecimento e da responsabilidade: com 18 meses, Adam recebe o diagnóstico de um tumor no cérebro. Seguem-se, inevitavelmente, a angústia, o medo e a incerteza. Destino?
Não deve existir abismo maior que a perspectiva da perda de um filho, e o processo de assimilação dessa realidade terrível é encenado com sensibilidade e delicadeza pela atriz e diretora Valérie Donzelli. A guerra está declarada, que recebeu vários prêmios no último Festival de Cannes e é o representante da França na disputa pelo Oscar de melhor filme estrangeiro deste ano, é simultaneamente alegre e trágico, celebrando e afirmando a vida em meio ao cenário desolador da doença e da morte. O filme, cuja história é baseada em fatos vividos pela própria cineasta, estreia nesta sexta-feira no Rio de Janeiro.
A inventiva linguagem narrativa de A guerra está declarada apresenta uma inocência e um frescor que evocam os primeiros filmes da Nouvelle Vague. Combina de forma inusitada, por exemplo, músicas suaves com cenas nervosas, e vice-versa, com sons e imagens econômicos e levemente sujos e mal acabados – o que aumenta o efeito de verdade das situações, sem abrir mão da poesia. A trilha musical, que vai de Vivaldi a Laurie Anderson, passando por uma versão instrumental de ‘Manhã de Carnaval’, acrecenta significados, mais do que ilustra o estado emocional dos personagens.
O estranhamento é amplificado pela voz em off, que narra e dá um tom fabular ao drama vivido pelo jovem casal em sua jornada sem fim por consultórios médicos e corredores de hospitais, onde o bebê é submetido a tratamentos caros e incertos. Diante de uma exasperante e dolorosa corrida de obstáculos, Romeo e Juliette sofrem e se isolam, mas também se obrigam a sorrir, brincar, achar graça nas coisas, ao mesmo tempo em que refazem a teia de laços afetivos e familiares que os contextualiza como personagens.  Conservam a ternura, mesmo nos momentos de maior dor. Entenderam, talvez, que mais importante que aquilo que nos acontece é a maneira como reagimos, pelo menos até onde é possível escolhermos como reagir.