sexta-feira, 25 de abril de 2014

Paris me espera...


Um fim de tarde, quando a Primavera sopra sua brisa fria, no barquinho, vou deslizando sobre o Sena. Ali, milhões de histórias passam por mim,  sei que talvez eu me aproprie delas, da mesma forma que em séculos,  outros seres românticos e sonhadores, revivem os contos de amor que aquele lugar proporciona.

O imaginário humano supera os dramas, minimiza as dores, ultrapassa os ódios,  reinventa as felicidades, busca a alegria do bom encontro, cultiva a paz do sonho realizado e se eterniza.

Sei que Paris sempre me espera. Para ser contemplada por meus olhos adolescentes e decifrada por minhas emoções maduras. Nada é mais profundo do que inspirar sua aura histórica,  degustar seus sabores anestesiantes e amar seu intenso gozo de estar vivo, mais uma vez, para desfrutar o souvenir de cada instante parisiense. 

Como explicar a maravilha que o seu despertar me presenteou em 2009? O sol surgia através das vidraças da janela e no vagão restaurante do trem, procedente de Barcelona, eu observava a cidade acordando. Era ela, sim, era a famosa Paris que finalmente, aos 59 anos, eu ia conhecer. Lágrimas escorreram no meu rosto. A menina suburbana carioca chegava à capital francesa, trazendo a intuição da paixão que a sensibilidade de poeta deixava aflorar.
Foram dias especiais, 6 ou 7, antes de pegar o vôo de volta ao Brasil.
Trouxe, naquela ocasião,  a certeza de que voltaria.

Pois, dois anos depois, desci no Charles de Gaulle, vislumbrei Paris do alto, ela me esperava também em maio, com sua primavera geladinha,  seus croassants quentinhos, o mesmo hotel Cujas Pantheon, os passeios a pé nas manhãs do Jardin de Luxemburgo.

Vivo sonhando com a terceira vez. Aos 65 anos, tenho um amor em Paris, desses que atraem a gente para ir, passar temporada,  esticar a viagem, criar raizes, compreender mais sua cultura, absorver melhor suas verdades, perdoar de vez suas mentiras, apascentar deus delírios de rebanho inquieto e florescer um muguet branquinho,  sorvendo um bom vinho, comendo um bom queijo,  ouvindo a java numa esquina do quartier latin.

Paris me espera em realidade e nos sonhos. Enquanto não volto, estudo francês,  preparo o coração. Há uma sensualidade guardada em mim que vai desabrochar nas suas noites, sei disso, coisa de alma vagante a procura de pouso amoroso. Na paz de uma manhã que abracarei ternamente, serei amada por Paris, e por ele, eternamente.

Cida Torneros


quarta-feira, 2 de abril de 2014

Cuore


Rita Pavone, Fortíssimo


Blog da Mulher Necessária: RITA PAVONE - FORTISSIMO (1966)

Blog da Mulher Necessária: RITA PAVONE - FORTISSIMO (1966)

Voei ao encontro da alegria e sorri


Voei
Fui encontrar a alegria
Sorri
O jardim florido gargalhou
A brisa soprou um cântico
Meu sentimento
Reverberou pelos prados
A fada dos bosques
Veio me ver
Também sorria
Estava tão bela
Que criatura era aquela
Receptiva e arredia
A espreitar meus zigue zagues
No cair da tarde mansa
Enlevo dove, meu ser te alcança, 
Ó amor dos meus amores
Tu que és a propria esperança
Um mixto de emoções infantis
Com maduras penas
Ó alegria que reina nas coisas pequenas
Quando senti tua energia em mim
Agradeci, enfim, chegavas
E nos completamos.

Promessas, juras, flertes e domínios, 
Perfeito entrosamento
Da felicidade de ser por um momento
Tudo o que um sonho proporciona
Tanto, e mais,
Bem mais, que o êxtase ocasiona,
Como descrever a plenitude
Ali, nos arredores da maravilha
Anestesiei-me com tua luminosidade,
Sei que a meditação ora me invade,
Lembro que voei e te encontrei, 
Sozinha, eu era uma ilha
Cercada de paz, rejubilei-me, assim,
Sorri, sorri, para ti,
Que me alegrou a vida,
Deu-me a natureza, exuberante,
Ofereceu-me água,  fogo, ar, mata verdejante,
Brilho em forma de criaturas
Luzes irradiadas de almas puras,
Sintonia que em mim, 
Reenergizou a fé,  
E vi o quanto amei,
Não me cansei,
Amo mais
Amarei sempre,
O amor é festa de movimentos,
Impulsos encadeados
Tem a graça das borboletas azuis ou amarelas,
Por isso, voei como se fora uma delas...

Cida Torneros



tem coisas que a gente não tira do coração


terça-feira, 1 de abril de 2014

contra-ataque do amor: Gypsy Kings - Lord of the Dance

contra-ataque do amor: Gypsy Kings - Lord of the Dance

contra-ataque do amor: Gypsy Kings - Lord of the Dance

contra-ataque do amor: Gypsy Kings - Lord of the Dance

Veneza, o sonho de um dia!








Veneza, uma cidade fantasia, o sonho de um dia!



Em finais de maio de 2011, durante uma excursão rodoviária pel bela Itália,  realizei um sonho que durou um dia inteiro. Chegamos a Veneza pela manhã, a bordo de um barco de médio porte que bailou sobre as águas da grande laguna, enquanto a guia local nos explicava sobre a cidade medieval, sua história e lendas, apontando torres de naves religiosas, ponte dos Suspiros, detalhes da sua arquitetura tombada e entravamos num clima de magia inevitável.

O grupo dispersou-se por algumas horas livres até o reencontro para o almoço e tivemos também uma tarde para visitar suas belezas, fotografar, contemplar, e, principalmente, viajar no tempo. Comprinhas de souveniers, fotos com os gondoleiros, sentar na praça e degustar um bom sorvete italiano, juntar pedacinhos soltos de romantismo de cinema e literatura, observar turistas do mundo inteiro, conhecer a arte do murano, admirar cada pedra de suas calçadas,  e, lá estava eu, com a canção reverberando dentro dalma. Veneza é triste, diz a letra, referindo-se aos amores mortos, suas recordações.  Mas, dentro de mim, nada disso, havia sim, uma felicidade quase infantil, aliás bem adolescente. Eu consguia pisar ali e Veneza me ofereceu tudo que podia, até um belissimo por do sol, incluindo o jantar do grupo, num restaurante típico,  e, a sensação máxima da constatação da pequenez do mundo.

Meus olhos brilharam, o coração disparou, a alma vibrou. Gravei em mim a insignia da fé na vida e trago Veneza dentro de mim, desde aquele dia, com certeza.
Veneza é fantasia que tenta camuflar-se em realidade, pelo menos, para os amantes da história humana, como eu. E, fecho os olhos, para reviver meu dia em Veneza, sonhando em voltar ali, se puder, mais uma vez!
Cida Torneros