segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Nana Mouskouri & Serge Lama - Duo - Parle-moi

Nana Mouskouri "Only Love"

Falem-me de amor... e me compensem o avesso da sorte! (texto de 29 de junho de 2010)

Falem-me de amor... e me compensem o avesso da sorte! (texto de 29 de junho de 2010)

Falem-me de amor... e me compensem o avesso da sorte!




Fui sorteada ao avesso, em pleno sábado, dois assaltos em menos de quatro horas de intervalo.




O primeiro, no caixa eletrônico, de manhã, dois homens bem apessoados levaram-me dinheiro e eu chamei a polícia. Escafederam-se, não me apontaram arma, até um deles me pediu desculpas, mas fiquei sem entender direito sua atitude, chamei-o de "abusado".


Depois, na delegacia, o sub-delegado me disse que eu correra risco de ser nocauteada, sei lá, coisa que o valha. Fiquei brava, com raiva, impotente e nem consegui chorar. No caminho de casa, a pé, usei o celular e eis que um pivete veio correndo, me tomou o dito cujo da mão e saiu correndo. Eu, ora, gritei, tudo que podia, soltei o verbo, impropérios, um homem tentou pegá-lo mas ele era como um maratonista ziguezagueando na contramão do trânsito, pouco mais de meio-dia, sumindo pela rua, como um bólido. Levou com ele minha agenda, para mim, tão preciosa. A companhia telefônica não a resgatou pois eu, inadivertidamente, a salvara no aparelho e não no chip, talvez não seja essa a explicação técnica correta, parece que eu teria que ter um contrato para resgate de agenda em caso de perda ou roubo, mas eu desconhecia isso.


Então, abalada, mas inteira, no final da tarde de suposto "azar", fui ao salão de cabeleireiro e me produzi para ir ao teatro municipal e assistir a partir das oito da noite, a ópera "O Guarani".


Durante algumas horas, voei na música, na história e na intensidade de sentimentos que se misturavam desde o palco até meu assento no balcão superior, de onde eu observava o quanto é compensador ouvir falar de amor.

Uma aura de encanto tomou conta do meu momento. Nem era mais importante lembrar a violência, eu estava ali, tinha a sorte verdadeira de assistir ao espetáculo. A orquestra perfeita, os arranjos maravilhosos, o coro me embalando a um céu de paz, de bons fluidos. Os larápios, pensei de repente, não tinham aquela felicidade a que eu podia ter acesso, quem seriam eles, onde estariam àquelas horas, enquanto desfrutavam do "meu" dinheirinho ou do meu ex-aparelho celular?

Mundo estranho, paradoxal. O pior roubo, pensei, seria se me privassem de ouvir canções e palavras de amor. Em situação semelhante, eu estaria mesmo "roubada", pois o amor é o ar que preciso respirar, quando ele me chega pelas notas musicais, pelas vozes cadenciadas, por olhares sensíveis, ouvidos atentos, enlevos sonoros, sons de fagotes, oboés, harpas, violinos, instrumentos de sopro, maviosos cantos de tenores, contraltos, baixos, enternecedores diálogos musicais que expressam a alma humana em sua pura existência, na plenitude de doar-se a quem ama sem roubar-lhe a sede de viver, oferecendo-lhe oxigênio em forma de carinho, dedicação, fidelidade e aconchego.


Passados poucos dias, vou me reorganizando, comprei novo aparelho, refaço a agenda, refaço contas para superar o dinheiro perdido, agradeço as oportunidades que a vida me dá para refletir suas paradoxais intempéries, sigo e supero.



Ouço então a voz doce da grega Nana Mouskouri, na calada da madrugada, sozinha, e consigo pela primeira vez, desde aquele sábado, verter uma lágrima, emociono-me. Eu não tinha conseguido chorar, em face das investidas dos ladrões, tinha sentido muita impotência, mas, durante o espetáculo clássico, somente me arrepiei sem extravazar a confusão de sentimentos represados que acumulei naquele dia.

Mais dois dias e nada. Só a sensação de fazer parte de um mundo moderno e louco, de uma sociedade imperfeita, de uma cadeia de omissões sociais, de uma humanidade capaz de auto-agredir-se, de violentar-se, de ludibriar-se, de mentir, de usurpar seu semelhante, mas, claro, não é a totalidade da espécie, é parcela dela, é um lado da transgressão, uma fatia do bolo social, talvez a banda podre do inconsequente descaso com que certa camada ou classe tenha sido tratada.


E o amor? Acho que o ladrão que me pediu desculpas, mesmo me roubando, tinha um ínfimo arremedo dele, ao me observar possessa, reclamante, ameaçando chamar a polícia,certamente, transtornada e doida, pois ele e seu comparsa podiam ter me derrubado fisicamente, mas não o fizeram. Fugiram, deixaram-me sem o dinheiro, mas com a cabeça intocada, o corpo tremendo, mas de pé, o olhar perplexo, mas aguçado em direção ao que veria mais tarde.


Um teatro lindo restaurado, um conjunto de atitudes que são fruto do amor à arte, à cultura, ao estudo da música, vidas inteiras de pessoas que ali sintonizavam a meiguice e a fortaleza que só uma ópera é capaz de despertar em seus altos e baixos, seus volteios e ápices, a viagem dos sonhos, o esquecimento das vicissitudes do mundo lá fora.


O amor, falem-me dele, por favor. Falem-me sempre. Repitam que o amor é a compensação do avesso da sorte. Deixei que desfilassem no meu pensamento, durante a ópera, imagens de carinho, afeto, familiares, amigos, amores que se foram, amores que sobrevivem, amores que virão. Agora, consigo verbalizar os acontecimentos, com a devida isenção me permitindo superar medos, minimizar ódios, buscar perdões interiores, agradecer chances e amar o amor, o mesmo amor que tanto inebria como atormenta, que acrescenta horizontes, que se bifurca em encruzilhadas escuras, mas que sabe encontrar caminhos de luz, nas horas certas, quando alguém se apaixona, perdidamente, ou renuncia ao amor, ou o persegue, ou dele foge, ou por ele morre, ou para ele vive, além da própria morte.


Se me vierem falar de algo concreto, como o episódio violento de um assalto na grande cidade, por favor, compensem-me repetidamente, contando histórias de amores inesquecíveis, amantes capazes de se entregarem aos prazeres, enamorados sonhadores, criaturas que esperam por toda a vida por um par que os compreendam, os acompanhem, lhes segurem as mãos, caminhem ao seu lado, por décadas, embevecendo suas almas, desafligindo, sobretudo, seus corações. Sem entretanto, roubarem tampouco sua esperança por momentos felizes ou sequer a crença na bondade humana que ainda é possível, se o amor também o for.


Cida Torneros

2 comentários:

  1. joaovideirasantosOct 27, 2010 02:03 AM
    O amor...

    ...que abre as palpebras da felicidade e as fecha na perspectiva da realidade que o sonho congemina...

    ___________

    É sempre um prazer regressar aos seus escritos.

    Beijos
    ResponderExcluir
  2. Contra-ataque do amorNov 3, 2010 10:19 AM
    João vc escreve sempre tão bonito que me emociona..beijo
    Cida
    ResponderExcluir

Cuando vivas comigo...

Novembro, século XXI, 2010. Minha amiga liga de Alicante. Está em férias, eu a substituo, em seu trabalho, deseja saber se está tudo bem, digo que fique tranquila, tenho dado conta e que aproveite sua estada na Europa. Ela me descreve a emoção da Itália, onde passou  umas duas semanas, com o novo namorado, um inglês que vive no sul da Espanha.  Conta sobre Veneza, Milão, Florença, Gênova e Roma. Diz que chorou ao ver o Coliseu, tanta história,  sensibilidade  humana, fala do quanto se lembrou de mim pois tem certeza de que eu vou adorar aqueles lugares. Respondo-lhe que irei, brevemente. Pergunto sobre o novo amor. Ela vibra, tem na voz a inquietude adolescente de uma mulher de 50 anos, e o chama ao telefone para que eu repita o que acabei de lhe dizer: Bring him with you to Brasil! Ele me ouve, rapidamente, diz que virá passar aqui o ano novo, quer conhecer o país da sua amada, também transmite o som dos enamorados no tom melodioso que o amor imprime à voz humana.

Tenho testemunhado amores, meus e dos outros, vida afora. Vibro sempre. Afinal, amar é um prêmio que nos é oferecido na existência, quando somos capazes de doar, oferecer, admirar, compartilhar, colocar-se ao lado, torcer a favor,  dividir as agruras, comemorar as vitórias, padecer as dores, acumular energias  positivas para usá-las nas horas difíceis.

Lembro então de uma canção, estilo guarânia ,  intitulada,quando vivas comigo, interpretada pelo espanhol Julio Iglesias. Um homem de cabeça branca que promete oferecer juventude a  uma mulher pela qual está apaixonado. Oferece aulas de amor, para  aquela que poderá aprender com ele a querer como nunca soube fazê-lo antes, diz que seu amor sem o amor dela nada vale, vai ensiná-la os segredos do amor, quando viverem juntos. Singela, simples, direta, preciosamente afetiva, traduz o cerne das promessas de amores cheios de esperança.

Quantas vezes terei ouvido promessas semelhantes? Ainda bem que as ouço, de vez em quando, no limiar do tempo passado e na doçura do tempo presente, de bocas sedentas de carinho, talvez  mergulhadas na ilusão do amor perfeito, aquele que não chega nunca.

Mas, os amores que vem e vão, as tais aves de verão, os sentidos universais de  bem estar e carinho, estes  são reais, vibram nas vozes dos apaixonados, repercutem nos peitos dos enamorados, reverberam nas vozes dos  presenteados por momentos inesquecíveis, os tais instantes de amor, que vivem contigo, comigo, conosco, com nossos amigos e amigas, lá no fundo dos seus corações, no âmago das suas almas, na emoção mais profunda dos monumentos históricos onde  é possível chorar ao ver como o ser  humano é capaz de ultrapassar milhares de anos, séculos de impérios , como foi o romano, o grego, o inca, centenas deles, com  uma vertente que os sustentou, a sede  de conquistar espaços físicos e emocionais.

O amor, este sempre esteve, está e estará, no pano de fundo que enseja a busca da realização humana. Estou feliz com a felicidade da minha amiga e do seu novo amor.

Ouço a música, imbuída da certeza de que, quando vivas comigo, saberás o que posso ensinar, mas eu também, decerto, aprenderei a ser menos egoísta, a ter a contemplação dos sábios, e trocaremos flores em lugar de farpas, brindaremos a luz do sol ao invés dos clarões das bombas, abraçaremos nossos corpos luminosos , apesar da morte.
                                 Maria Aparecida Torneros

Julio Iglesias - Cuando vivas conmigo.

Cida Torneros: Cidades históricas de Minas e as “coincidências”

Postado em 30-10-2011
Arquivado em (Artigos) por vitor em 30-10-2011 11:29

Ouro Preto – Minas Gerais
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Minas na “coincidênciaS”
Cida Torneros
Na sessão de terapia, um comentário sobre a interessante sincronicidade que observo na vida, quer dizer, na minha… antes de sair, peguei a revista Bravo na caixa de correio e deixei em casa para ler na volta.

Também, atendi um telefonema já quando ia por a chave na porta. Voltei para ouvir minha amiga Áurea, de Belo Horizonte, que conheci na Itália, onde ela e o marido Francisco participaram do mesmo tour que eu e Katia fizemos há alguns meses. Minha reação de alegria correspondeu à coincidência(?) pois ontem, resolvendo sobre um passeio que quero muito fazer às cidades históricas de Minas Gerais, combinei com Katia nossa ida em 12 de novembro, descobri uma excursão que se encaixa com o feriadão da República, com três noites passadas na capital mineira. Falei então, o mais rápido que pude (estava atrasada) para a Áurea que vamos vê-la num desses dias, quando estivermos em BH, e aí, vou lhe entregar as fotos (fiz muitas do casal na Itália) já que a bagagem deles havia extraviado e ficaram sem máquina para registrar a viagem. Disse a ela que nem mandei por correio por causa da longa greve e que apareceu a oportunidade para conhecer a Gruta de Maquiné (incluída a visita no roteiro), e Congonhas do Campo, onde eu quero muito ver as obras do Aleijadinho.


Na verdade, fui a Ouro Preto, a trabalho, uma vez, quando o presidente Itamar Franco, juntamente com os presidentes da Argentina, Paraguai e Uruguai, assinaram um grande acordo do Mercosul. Deve ter sido em 1996, acho, fiquei encantada com a cidade, mas tinha que cobrir o evento, correr de um lado para outro e passar matéria para o Rio. Pensei que devia voltar lá com calma. De outra vez, uma amiga me convidou e fomos juntas a S.João del Rey e Tiradentes, viagem do tipo vapt-vupt, ela ia pagar uma promessa numa igreja de lá, deve ter por aí, uns quinze anos, e também decidi que deveria voltar ali, há muita história, precisava de um guia local, o ideal seria fazer , quando pudesse , uma excursão.


No roteiro que escolhemos, estão incluídas, além de Belo Horizonte,todas esses lugares que quero rever e os que desejo conhecer. Um deles, o Museu Guimarães Rosa, em Cordisburgo, sua terra natal.


Bem, fui à terapia, houve a conversa sobre as “coincidências” da vida, e ao retornar a casa, me deparei com um artigo intitulado ” Chá com Elizabeth Bishop”,na revista Bravo, escrito pelo americano Michael Sledge, que descreve suas duas visitas à cidade de Ouro Preto.

Ele é autor de “A arte de perder”, romance que tem Elizabeth Bishop com personagem, a famosa poeta americana que viveu no Brasil, tendo comprado uma casa em Ouro Preto, cidade pela qual ela se apaixonou.


O articulista relata que em 2003, na sua primeira vez, foi em busca de um caminho de investigação, já que pretendia escrever um livro baseado na vida de uma escritora “querida e icônica, cujo status nas letras norte -americanas cresce notadamente com o tempo”.

Ao se referir ‘a segunda visita, em julho passado, Michael conta que desta vez visitou a casa que fora de Elizabeth.


” Quase uma década tinha se passado desde a primeira vez que estive na frente dessa porta. Naquela época, eu lia tanto as cartas dela sobre sua casa em Ouro Preto que sentia que podia andar vendado pelas salas, que podia até ouvir as conversas que aconteceram entre os moradores… A empregada serviu chá na sala, em uma mesa tão apertada que as xícaras se tocavam. Escolhi um lugar. Sentei na cadeira de Elizabeth Bishop.”


Envolvi-me com a leitura do artigo, mas percebi novamente a tal sincronicidade…Voltar a lugares pela segunda vez, buscar histórias, identificar antigas conversas, inalar a poesia da velha e querida Minas Gerais, berço de Drummond, de tantos poetas, de Tiradentes, o soldado da Inconfidência, de arte sacra, barroca, patrimônio brasileiro, de tamanha tradição, de presença marcante na política nacional, de onde saiu um JK, um Tancredo, uma Dilma hoje presidenta.


Gabei-me então de poder fazer turismo no meu próprio país, tão convidativo e intrigante quanto a velha Europa, e poder sentir o apaixonamento que Bishop deve ter sentido por estas bandas de cá.


Michael finaliza assim, “coincidentemente”, adentrando meu coração, sacudindo minha alma de brasileira com seu texto: ” Como Elizabeth, eu havia chegado ao Brasil como turista. E, como ela, descobri um país intoxicante em sua beleza, na generosidade de seu povo, na linda e louca poesia que permeia sua vida diária. Elizabeth Bishop abriu a porta para o Brasil e eu entrei”.

Maria Aparecida Torneros é escritora e jornalista, mora no Rio de Janeiro, onde edita O Blog da Mulher necessária
Comments
Cida Torneros on 31 outubro, 2011 at 9:15 #
Vitor e amigos do Bahia em Pauta, quando eu for, no feriadão da Proclamação da República, prometo contar as sensações que Minas me trará de volta…com certeza…abração carioca pra todos vcs!

Julio Romero de Torres Relaxing

Cordoba: La ciudad, la Mezquita

Museo Julio Romero de Torres, Córdoba

JULIO ROMERO DE TORRES

La Morena de mi Copla

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Deolinda - como "Brasileira" canta Fado

ROBERTA MIRANDA ..... EU TE AMO

Aguaviva: poetas andaluces, versión original

LA VIRGEN MAS GUAPA DE ANDALUCIA ES...

Carlos Saura's Carmen (Tabacalera) - Cristina Hoyos & Laura Del Sol

andalucia

Sevillanas De Carlos Saura - Actuales

Patrizio Buanne - 'Parla Piu Piano'

Gianni Morandi - Parla piu piano

Roberto Alagna -Parla piu piano

Roberto Alagna "Pourquoi me réveiller" Werther 2007

"Una furtiva lagrima" Saimir Pirgu -Teatro Dell'Opera Roma February 2011

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Romancing Stills Of Tarun And Vimala Raman In Wet Dress

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Salaam Aaya - Veer

Love Passion - Arabic & Spanish - Habibi ya nour el - My darling "Habibi...

Gipsy kings & Alabina habibi ya nour el ein rare version

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Diane & Jack Tribute

Eu te adoro, meu amor Paula Fernandez com Roberto Carlos em Copacabana

Eu te Adoro Meu Amor - Roberto Carlos (Ao Vivo no Programa Jovem Guarda)

Roberto Carlos - É tempo de amar - 1967

Elle tu l'aimes - Hélène Ségara (Legendado)

Non Monsieur. je n'ai pas 20 ans_Juliette Gréco

Juliette Greco - J'arrive

JULIETTE GRÉCO - L'Âme des poètes + Lyrics

L'hymne à l'amour - Celine, Johnny and Maurane - June 9th 07

L'hymne à l'amour - Celine, Johnny and Maurane - June 9th 07

CELINE DION et JOHNNY HALLIDAY L'ENVIE avec les 500 choristes.

Celine Dion - Quand On N'a Que L'amour

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Sarah Brightman - Snow On The Sahara (A Desert Fantasy Video)

kazem alsaher كاظم الساهر - حيارى يا زمان 2011

Sarah Brightman & Kadim AlSaher - The War Is Over

IRRITANDO FERNANDA YOUNG - BABY DO BRASIL DE JESUS- parte 2 - 9-5-2010.mpg

Andrea Bocelli "O Sole Mio " Live on stage in Tuscany

Celine Dion & Bee Gees - Immortality

julio iglesias - seguiré mi camino

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Charles Aznavour - Le temps

Sabina & Serrat 22) Y nos dieron las diez...

Sabina & Serrat 16) Mediterraneo

Le Temps... a surpresa do amor, o mistério da vida... resposta ao tempo...

Uma boa conversa via internet, repentinamente, me faz atravessar o tempo...meu interlocutor encontra-se em Argel, capital da Argelia, visitando sua terra de origem, já que vive na França, desde tenra idade.

O tempo, eu me pergunto, para que ele serve, na vida e na morte das pessoas. Tem tantas histórias que o tempo engrandece e outras tantas que ele apaga, o tempo revela coisas antes impublicáveis mas também pode sepultar para sempre amores que não vingaram, que não se superaram, que se escafederam, para surpresa de corações pulsantes que um dia acreditaram em amores eternos. Mas, como não imaginar que a eternidade seja a própria brevidade do mistério que é a vida. Que são 80 ou 100 anos na história de alguém ou da própria humanidade? São nada ou quase nada. Para se respeitar algo consistente em termos de tempo, faz-se mister contar centenários ou milênios, talvez mais um pouco, ou talvez menos? Um amor que dura meses é amor também? Mais do que o tempo de sua duração, a intensidade dos seus sentimentos ou a fortaleza dos seus propósitos? Quem sabe o inquietante ir e vir de expectativas ou mesmo a surpresa dos sentidos incontroláveis, sejam hormonais ou racionais? Corpos que se glorificam, brilhando em torno da luz de alguma boa fala, em qualquer língua dissonante...Salam!!! saudo meu amigo árabe, meu amigo francês, meu amigo argelino, em momento feliz por saber que ele existe e eu também. Saber que é possível atravessar as ondas do tempo, através dos ventos, alcançar terras distantes, perceber a magia dos encontros que a vida oferece e apesar de tudo, crer na efemeridade do nosso tempo por aqui, nossa passagem por um mundo tão intenso e misterioso, tão diferenciado em raças, hábitos, culturas, histórias...


Do outro lado, meu amigo me fala de Farfar. Sua vila de nascimento, de onde saiu aos 3 anos para viver com a família, em Paris. Avisa-me que no próximo domingo irá ali, visitará familiares velhinhos, alguns beirando os 100 anos, que por lá fincaram raízes, onde ele reencontrará suas origens, enquanto ainda há tempo para trocar algo substancial ou espiritual com sua própria gente.


Falo que no Rio de Janeiro o calor está grassando, ele me diz que lá está muito frio. Rimos juntos das nossas falas entrecortadas em línguas díspares, um pouco do francês, de minha parte, mal escrito, uma dose consensual de inglês, algumas saudações em espanhol e árabe, palavras soltas em português, que tento  explicar, principalmente no que diz respeito ao futebol, do qual ele é fã inconteste.


Ele me diz que ama o Brasil desde 1970, desde a Copa do Mundo. Já se passaram mais de 40 anos e no entanto, as imagens daquela Copa estão marcadas em mim  e nele, que nem sequer imaginávamos um dia nos conhecermos ou falarmos sobre isso.


A vida segue, cheia de surpresas, os amores que confessamos são tão importantes quanto os que nem ousamos imaginar, os mistérios do tempo nos enveredam por almas religiosas ou não, aí está a física para provar ( ou pretenciosamente questionar) que não há espaço-tempo, no final das contas.


O mundo roda, gira a Terra, somos o nosso próprio tempo, em corpos que se buscam ou se bastam, que se desenvolvem ou se desgastam, em mentes que se surpreendem ou se deterioram, em crenças que se arraigam ou se amansam, aí vamos nós...


Ao nos despedirmos, podemos dizer Au revoir, Salam, Adiós, Até logo, Bye, ou somente... silenciar , com o tempo...


Ao nos reencontrarmos, qualquer dia desses, talvez em Paris, talvez no Rio de Janeiro, quem sabe em que tempo, poderemos  zombar do tempo, como faz a Nana, na canção...ou será que o tempo é que zomba de nós? Vou voltar no tempo e re-ouvir a música...Resposta ao tempo, uma das mais lindas que já escutei, pode ser que, com o tempo, eu consiga decifrar quem de nós controla o próprio tempo ou simplesmente o joga pelo ralo com as águas da chuva? 


Ah, lembrei...o tempo ri, na letra da canção...vale a pena passar como o tempo passa...

Diz que somos iguais...ele é o tempo...

Nós somos o que ele nos deixa ser...

Isso me consola...pelo menos, agora...


Maria Aparecida Torneros

Serrat y Sabina Cantares

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Parlez-moi d'amour : Milva..( Midnight in Paris )

A Guerra Está Declarada - Trailer legendado

‘A guerra está declarada’ já é candidato a melhor filme do ano

qui, 05/01/12
por Luciano Trigo |
categoria Todas
Cena do filme
Quando Romeo e Juliette se conhecem numa balada, especulam, brincando, se não estariam condenados, pelos nomes, a um destino trágico. Jovens e felizes, após pouco tempo de namoro eles ganham um filho, Adam. O bebê representa para o casal algo muito maior e mais difícil  que o desafio do amadurecimento e da responsabilidade: com 18 meses, Adam recebe o diagnóstico de um tumor no cérebro. Seguem-se, inevitavelmente, a angústia, o medo e a incerteza. Destino?
Não deve existir abismo maior que a perspectiva da perda de um filho, e o processo de assimilação dessa realidade terrível é encenado com sensibilidade e delicadeza pela atriz e diretora Valérie Donzelli. A guerra está declarada, que recebeu vários prêmios no último Festival de Cannes e é o representante da França na disputa pelo Oscar de melhor filme estrangeiro deste ano, é simultaneamente alegre e trágico, celebrando e afirmando a vida em meio ao cenário desolador da doença e da morte. O filme, cuja história é baseada em fatos vividos pela própria cineasta, estreia nesta sexta-feira no Rio de Janeiro.
A inventiva linguagem narrativa de A guerra está declarada apresenta uma inocência e um frescor que evocam os primeiros filmes da Nouvelle Vague. Combina de forma inusitada, por exemplo, músicas suaves com cenas nervosas, e vice-versa, com sons e imagens econômicos e levemente sujos e mal acabados – o que aumenta o efeito de verdade das situações, sem abrir mão da poesia. A trilha musical, que vai de Vivaldi a Laurie Anderson, passando por uma versão instrumental de ‘Manhã de Carnaval’, acrecenta significados, mais do que ilustra o estado emocional dos personagens.
O estranhamento é amplificado pela voz em off, que narra e dá um tom fabular ao drama vivido pelo jovem casal em sua jornada sem fim por consultórios médicos e corredores de hospitais, onde o bebê é submetido a tratamentos caros e incertos. Diante de uma exasperante e dolorosa corrida de obstáculos, Romeo e Juliette sofrem e se isolam, mas também se obrigam a sorrir, brincar, achar graça nas coisas, ao mesmo tempo em que refazem a teia de laços afetivos e familiares que os contextualiza como personagens.  Conservam a ternura, mesmo nos momentos de maior dor. Entenderam, talvez, que mais importante que aquilo que nos acontece é a maneira como reagimos, pelo menos até onde é possível escolhermos como reagir.