Em meio ao noticiário triste 
sobre a perda de Whitney Houston fui assistir com duas amigas a peça 
sobre a vida de Judy Garland, vivida no palco pela excelente Claudia 
Netto.
Duas estrelas com fins parecidos. Em idades semelhantes, de 
causas que envolvem drogas, apesar de talentos imensos, vidas envoltas 
em crises existenciais profundas, mortes solitárias, amores distantes, 
provavelmente, falsos amores por divas que encantam gerações e se 
desencantam dentro dos seus universos interiores. Poderia citar muitas e
 muitos. Os reféns do sucesso, os prisioneiros da mídia, os aquartelados
 da máquina propulsora que os impele a vender música, fazer shows, 
filmes, apresentar-se em tournês fantásticas, correndo o mundo de cidade
 em cidade, de  hotel em hotel, engrossando faturamentos de uma 
indústria opressora que os recompensa com ... bem...aqui eu páro e 
reflito... com o que mesmo estas criaturas de vozes e talentos 
maravilhosos alcançam felicidade e paz interna, com suas famílias, no 
seu trabalho, na sua trajetória marcada pelas fugas e recomeços?
Não
 vou citar...outros e outras, deixo que cada um faça sua própria lista. A
 tal lista da piedade pelos que nos oferecem tanta beleza e a quem 
devolvemos cifras em bilheterias ou compra de cds e dvds, ou idolatria  e
 assédio que certamente não os prenchem nas horas solitárias, no 
instantes em que precisam se olhar nos espelhos da alma e nem se 
reconhecem mais em sonhos ou esperanças.
A peça de Judy mostra 
bem seus momentos de decadência e sua necessidade de drogas. Ela revela 
que na adolescência , quando gravou as cenas de O mágico de Oz, a 
drogaram, muitas vezes para que aguentasse o ritimo frenético do 
trabalho. Depois, para o vício, foi um passo progressivo, deve ter sido 
assim também com Whitney, somando-se desilusões amorosas, expectativas 
por sentimentos reais que não se baseiem em uso do seu incomparável 
marketing, do investimento em suas performances perfeitas ou do mundo 
pequenino de onde nunca conseguiram sair, mas que fingiram ultrapassar 
para as luzes dos refletores das noites de entrega dos grandes prêmios 
que sempre renderam milhões de dólares.
As histórias de ambas, no
 meu domingo, se entrecruzaram. Ao ouvir a personagem Judy cantar Smile,
 eu lembrei do belo sorriso de Whitney nas vezes em que a apreciei, em 
filmes ou televisão. 
Sorrir pode ser um artifício magnífico para esconder uma dor insurpotável.
Psicotrópicos podem ajudar no processo e podem levar a um final assim...
Quantas
 e quantos mais? Insisto em não citar, os leitores podem enumerar e 
traduzir para si mesmos as mensagens das divas... Eu sempre amarei 
você... Além do arco-íris...
Chaplin, com Smile, resumiu tudo...e era
 justamente esta a canção preferida de Michael Jackson, ironia de um 
destino semelhante, bem, acabei citando um deles, o menino que a máquina
 transformou também em consumidor voraz de medicamentos, bolinhas, etc. 
etc...
Meu consolo, ter a certeza de que o público de milhões de 
fãs de todos estes ídolos, sempre os amarão, e muitas vezes, ao reverem 
ou reouvirem suas apresentações, poderão se emocionar ou até sorrir, 
apesar dos pesares e dos narcóticos.
Cida Torneros       
 
 
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