segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Cida Torneros: Cidades históricas de Minas e as “coincidências”

Postado em 30-10-2011
Arquivado em (Artigos) por vitor em 30-10-2011 11:29

Ouro Preto – Minas Gerais
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Minas na “coincidênciaS”
Cida Torneros
Na sessão de terapia, um comentário sobre a interessante sincronicidade que observo na vida, quer dizer, na minha… antes de sair, peguei a revista Bravo na caixa de correio e deixei em casa para ler na volta.

Também, atendi um telefonema já quando ia por a chave na porta. Voltei para ouvir minha amiga Áurea, de Belo Horizonte, que conheci na Itália, onde ela e o marido Francisco participaram do mesmo tour que eu e Katia fizemos há alguns meses. Minha reação de alegria correspondeu à coincidência(?) pois ontem, resolvendo sobre um passeio que quero muito fazer às cidades históricas de Minas Gerais, combinei com Katia nossa ida em 12 de novembro, descobri uma excursão que se encaixa com o feriadão da República, com três noites passadas na capital mineira. Falei então, o mais rápido que pude (estava atrasada) para a Áurea que vamos vê-la num desses dias, quando estivermos em BH, e aí, vou lhe entregar as fotos (fiz muitas do casal na Itália) já que a bagagem deles havia extraviado e ficaram sem máquina para registrar a viagem. Disse a ela que nem mandei por correio por causa da longa greve e que apareceu a oportunidade para conhecer a Gruta de Maquiné (incluída a visita no roteiro), e Congonhas do Campo, onde eu quero muito ver as obras do Aleijadinho.


Na verdade, fui a Ouro Preto, a trabalho, uma vez, quando o presidente Itamar Franco, juntamente com os presidentes da Argentina, Paraguai e Uruguai, assinaram um grande acordo do Mercosul. Deve ter sido em 1996, acho, fiquei encantada com a cidade, mas tinha que cobrir o evento, correr de um lado para outro e passar matéria para o Rio. Pensei que devia voltar lá com calma. De outra vez, uma amiga me convidou e fomos juntas a S.João del Rey e Tiradentes, viagem do tipo vapt-vupt, ela ia pagar uma promessa numa igreja de lá, deve ter por aí, uns quinze anos, e também decidi que deveria voltar ali, há muita história, precisava de um guia local, o ideal seria fazer , quando pudesse , uma excursão.


No roteiro que escolhemos, estão incluídas, além de Belo Horizonte,todas esses lugares que quero rever e os que desejo conhecer. Um deles, o Museu Guimarães Rosa, em Cordisburgo, sua terra natal.


Bem, fui à terapia, houve a conversa sobre as “coincidências” da vida, e ao retornar a casa, me deparei com um artigo intitulado ” Chá com Elizabeth Bishop”,na revista Bravo, escrito pelo americano Michael Sledge, que descreve suas duas visitas à cidade de Ouro Preto.

Ele é autor de “A arte de perder”, romance que tem Elizabeth Bishop com personagem, a famosa poeta americana que viveu no Brasil, tendo comprado uma casa em Ouro Preto, cidade pela qual ela se apaixonou.


O articulista relata que em 2003, na sua primeira vez, foi em busca de um caminho de investigação, já que pretendia escrever um livro baseado na vida de uma escritora “querida e icônica, cujo status nas letras norte -americanas cresce notadamente com o tempo”.

Ao se referir ‘a segunda visita, em julho passado, Michael conta que desta vez visitou a casa que fora de Elizabeth.


” Quase uma década tinha se passado desde a primeira vez que estive na frente dessa porta. Naquela época, eu lia tanto as cartas dela sobre sua casa em Ouro Preto que sentia que podia andar vendado pelas salas, que podia até ouvir as conversas que aconteceram entre os moradores… A empregada serviu chá na sala, em uma mesa tão apertada que as xícaras se tocavam. Escolhi um lugar. Sentei na cadeira de Elizabeth Bishop.”


Envolvi-me com a leitura do artigo, mas percebi novamente a tal sincronicidade…Voltar a lugares pela segunda vez, buscar histórias, identificar antigas conversas, inalar a poesia da velha e querida Minas Gerais, berço de Drummond, de tantos poetas, de Tiradentes, o soldado da Inconfidência, de arte sacra, barroca, patrimônio brasileiro, de tamanha tradição, de presença marcante na política nacional, de onde saiu um JK, um Tancredo, uma Dilma hoje presidenta.


Gabei-me então de poder fazer turismo no meu próprio país, tão convidativo e intrigante quanto a velha Europa, e poder sentir o apaixonamento que Bishop deve ter sentido por estas bandas de cá.


Michael finaliza assim, “coincidentemente”, adentrando meu coração, sacudindo minha alma de brasileira com seu texto: ” Como Elizabeth, eu havia chegado ao Brasil como turista. E, como ela, descobri um país intoxicante em sua beleza, na generosidade de seu povo, na linda e louca poesia que permeia sua vida diária. Elizabeth Bishop abriu a porta para o Brasil e eu entrei”.

Maria Aparecida Torneros é escritora e jornalista, mora no Rio de Janeiro, onde edita O Blog da Mulher necessária
Comments
Cida Torneros on 31 outubro, 2011 at 9:15 #
Vitor e amigos do Bahia em Pauta, quando eu for, no feriadão da Proclamação da República, prometo contar as sensações que Minas me trará de volta…com certeza…abração carioca pra todos vcs!

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