De repente a Erika me liga convidando para dar uma entrevista na TV Alerj, sobre minha vida profissional, de jornalista, professora universitaria e escritora.
Começo a rememorar décadas de aprendizado, produção, reflexão, os diversos trabalhos desenvolvidos nas assessorias de Imprensa, a vida que correu, o entusiasmo de ser parte da historia da comunicação, desde os finais da decada de 60. O mundo deu tantas voltas, há uma tecnologia reinventando os meios de profusão do que se divulga, mas a informação não perde seu carater de novidade, quando alguém traz os dados e outro alguém os processa em termos de decodificação. Arte de reportar, de editar, de informar e de ser ético, sobretudo, respeitando o direito democrático de dar espaço aos pensamentos divergentes. Os jornalistas formados nos anos de chumbo, fomos acostumados aos meandros de uma censura impositiva, mas, na maior parte do caminho, enfrentamos, cada um ao seu jeito e condições, uma ditadura que não calou a corrida pela liberdade de expressão.
Minha estada no Japão, em 1972, como correspondente da revista O Cruzeiro. Ter assumido a assessoria de Comunicação da Secretaria estadual de Saúde, aos 29 anos, e, junto com a saudosa Eliane Furtado, do Detran, virarmos as primeiras mulheres cariocas a furar o mercado dos homens assessores de imprensa. Aos 25, cursando Mestrado de Comunicação na UFRJ, convidada por Nilson Lage, entrei pela primeira vez numa sala para dar aulas de jornalismo a estudantes na Universidade Gama Filho. Escrever para revistas, lidar com públicos diversos, conviver com os coleguinhas e observar que o feminino cresceu, invadiu e dominou nossa atividade. Prazer de ver a gente jovem chegar e assumir seu jeito avançado de lidar com a notícia.
Campanhas de saude pública, orgulho de ter trabalhado com dr. Sabin, em 1980, organizando a primeira vacinação em massa de ponta a ponta, no Brasil, contra a paralisia infantil.
Assessorar prefeitos, vereadores, deputados, shoppings, juizes, o tempo do TRE, a luta contra as fraudes nas eleições. De repente, o desafio das águas, Rios e Lagoas, as transformações nas comunidades, assessorando EMOP, acompanhando Rocinha, Manguinhos e Complexo do Alemão, a implantação do teleférico, e a hora da aposentadoria.
Escrever, claro, eu não parei. Passei a publicar livros, dar palestras, compilar artigos, produzir contos, interagir sem tantos compromissos de horários.
Sigo pensando na vida, às vezes publicam coisas minhas no site do Observatório da Imprensa, no Bahia em Pauta, por aí. Aos 64, caminho com fé, amor no coração, sensação de dever cumprido, mas, adoro estudar, no momento, francês, e, como auto didata, psicologia, adoro!
Pois lá vou eu, ser entrevistada, se puder passar entusiasmo e fé cidadã, vou ficar feliz, dedicando cada frase à memória de uma amiga jornalista que partiu há 2 meses, Antonieta Santos, que até o ultimo momento, aos 73, repetia que precisávamos tirar nova edição do seu jornal intitulado Por que!
Porque ser jornalista, profissional de comunicação ou escritora, como sou agora, implica em perguntar sempre, eternamente buscar os porquês de um mundo tão contraditório e fascinante.
Cida Torneros
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