quarta-feira, 6 de outubro de 2010

minhas origens: galega, cigana e celta



Em Espanha, bendita terra, pude reencontrar raízes estruturais, mais até do que genéticas. Ao caminhar pelas ruas de Vigo, Orense, Santiago de Compostela, Madri e Barcelona, durante minha estada em maio de 2009, em poucos dias, convivi com minha sensação de estar em casa, comer o que gosto, beber o que aprecio, ouvir o som da língua que me identifico, respirar os ares que me enchem os pulmões de alegria e dormir as noites tranquilas para os melhores amanhaceres. Além disso, meus olhos se deslumbraram sempre com as cores, principalmente o verde da Galícia e o azul do céu de Barcelona, a grandeza da Sagrada Familia, de Gaudí, a história que me fascina em Toledo, com a arte dos museus de Madri, sua Porta de Alcalá, com a beleza medieval das pontes de Orense, com o mistério das paredes da Catedral em Santiago e com os rostos das pessoas apressadas na capital espanhola. Meus sentidos aguçaram-se com o som das canções que me embalaram durante meus poucos dias por lá, e , principalmente, minha cidadania ( que vou pleitear brevemente) me proporcionou a certeza de que sou parte daquele povo, e quero lutar ao seu lado , por dias melhores para todos nós.
Durante alguns anos, entre 1983 e 1994, editei o Jornal de España, uma publicação mensal dirigida à colônia espanhola residente no Brasil. Esta música, eu a dancei em muitas festas dos clubes espanhóis espalhados em tantas cidades como Rio, Sao Paulo, Niterói, Teresópolis, Juiz de Fora, entre outras.
A alegria do povo imigrante espanhol sempre me contagiou e inspirou meu trabalho, do qual tenho gratas recordações, de um período em que incorporei e consolidei mais ainda o amor por aquele país que tive, finalmente , a oportunidade de pisar e conhecer.
Que viva España!


Aparecida Torneros
Manuela era a mãe de Carmen (minha avó, mãe do meu pai) e do seu irmão Obidio Torneros,que pôs seu nome na filha Dolores Manuela, que nasceu em Nova York e hoje vive no Oregon. Em homenagem à minha bisavó, aí está a música belíssima de Julio Iglesias, para uma Manuela que esperou a volta dos filhos que emigraram para o Brasil e os Estados Unidos e jamais puderam retornar para vê-la antes da morte. Entretanto, quando estive no cemitério onde estão os restos mortais dela e do meu bisavô Antonio Do Val Torneros, fiz me representar todos descendentes de Carmen e Obidio que ali não foram pessoalmente, mas em cujo sangue corre a alma galega, a luta hispânica, a saga de uma gente valente.


Cida Torneros

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