quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Manuel da Costa Pinto, novo curador da Flip

Entrevista: Manuel da Costa Pinto, novo curador da Flip



"O peso da literatura brasileira na Flip será maior, até pela minha proximidade com os autores"


Rodrigo Levino


Manuel da Costa Pinto, curador da Flip






Manuel da Costa Pinto, o novo curador da Festa Literária Internacional de Paraty (Cristovao tezza)






"Há muitos autores estrangeiros que são do nosso interesse e vamos reforçar os convites. O que não torna proibitiva a vinda de autores que já estiveram em edições passadas"






O jornalista Manuel da Costa Pinto foi anunciado hoje (20) como o novo curador da Festa Literária Internacional de Paraty, que acontece há oito anos na cidade litorânea do Rio de Janeiro. Costa Pinto assumirá o lugar de Flavio Moura, também jornalista, que esteve à frente da programação nos últimos três anos.






A Flip, que recebe um público estimado em 25.000 pessoas por edição, moldou o formato de eventos literários no Brasil sob vários aspectos. Promoveu debates e leituras com autores disputados como Paul Auster, Salman Rushdie, J.M. Coetzee e Amoz Oz; deu espaço a novos escritores brasileiros, como Daniel Galera e Carola Saavedra; ratificou os consagrados e deslocou o centro literário para fora do eixo Rio-São Paulo – as festas de Outro Preto (MG) e Porto de Galinhas (PE) foram criadas a partir do modelo da Flip.






Nos últimos anos, porém, a festa vem recebendo fortes críticas a respeito da lista de convidados (autores repetidos, poucos brasileiros) e do formato das mesas de discussão, onde não raro dão-se problemas de mediação ou falta de empatia entre os debatedores. Em 2010, houve queixas sobre a presença excessiva de acadêmicos em detrimento de escritores.






Ainda assim, a Flip é o evento literário mais importante do país e goza de boa reputação no exterior. Manuel da Costa Pinto, é inegável, assume a curadoria sob a égide da reclamação. Jornalista, colunista do jornal Folha de S. Paulo, diretor do programa Entrelinhas, da TV Cultura e mestre em Teoria Literária e Literatura Comparada na USP, ele falou ao site de VEJA sobre o novo desafio.






Como se deu o convite para ser curador da Flip?


Eu sempre tive boas relações com a Flip. Em 2008, quando Machado de Assis foi o autor homenageado da festa, ajudei a montar o acervo em exposição, uma parceria com o Instituto Moreira Salles. O meu nome surgiu de um consenso entre Mauro Munhoz [diretor da Fundação Casa Azul, que promove a Flip] e Flavio Moura [ex-curador].






A última edição da Flip recebeu críticas contundentes no que diz respeito à escalação dos autores brasileiros. Dos sete ficcionistas convidados, seis já haviam participado de edições passadas. Diz-se que há um descompasso entre a produção literária contemporânea e os nomes convidados. A próxima Flip terá mais autores brasileiros?


O peso da literatura brasileira na Flip será maior, até pela minha proximidade com autores, consagrados ou iniciantes. Mantenho uma coluna sobre literatura na Folha de S. Paulo, dirijo o Entrelinhas [TV Cultura] que é voltado para a literatura, escrevi dois livros sobre literatura brasileira. Isso me deixa bem a par do que está sendo produzido. Acho que a Flip deve buscar um maior equilíbrio entre a quantidade de escritores estrangeiros e a de escritores brasileiros. Trabalharemos nesse sentido, embora equacionar esse problema não seja algo fácil nem aconteça do dia para a noite.






Outra crítica que se faz à Flip é sobre o formato das mesas de debate. Algumas por terem autores demais, outras de menos; problemas de mediação. O formato não estaria saturado?


A priori não há plano para mudar o formato das mesas. Embora seja até temeroso dizer isso, já que tudo ainda é muito prematuro. Daqui a duas semanas alguma ideia pode surgir nesse sentido. Mas eu diria que é cedo para tratar desse assunto.






A Flip 2010 foi marcada pelo cortejo à academia. Dos 34 autores convidados, só 16 tinham atividade literária. A edição de 2011 será focada em algum tipo de tematização?


Eu não acho que isso seja tematização. Posso dizer que pretendo trabalhar melhor a integração entre a Flip e a Flipinha. Temos grandes autores infantis e infanto-juvenis que precisam ser levados para a Tenda dos Autores por vários motivos: a qualidade do que escrevem, o enorme público que agregam e sobretudo para não caracterizar a Flip como um evento segmentado.






Depois de oito edições, a lista de autores estrangeiros consagrados e disponíveis parece estar se esgotando, não?


Há muitos nomes que são do nosso interesse e vamos reforçar os convites. O que não torna proibitiva a vinda de autores que já estiveram em edições passadas.

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