Isabelle Huppert

Resenha de Um Amor em Paris

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Por Tiago Faria
Não espere por uma história típica sobre infidelidade no casamento. Sem reviravoltas trágicas nem surradas lições de moral, o diretor francês Marc Fitoussi vira pelo avesso os lugares-comuns do gênero em uma comédia romântica narrada com humor leve e pitadas de incorreção política.
Quatro anos depois do também adorável Copacabana, o realizador volta a desafiar a atriz Isabelle Huppert a entrar na sintonia cuca-fresca de uma personagem não muito preocupada em seguir à risca as convenções sociais. Em uma fazenda na Normandia, Brigitte Lecanu cria gado charolês ao lado do marido (Jean-Pierre Darroussin). Embora cumpra as atividades com vigor, ela sente falta de emoções um pouco mais palpitantes. Eis que, em uma festinha, conhece Stan (Pio Marmai), um rapaz parisiense e trinta anos mais jovem. Nos dias seguintes, Brigitte tomará coragem para mentir sobre uma consulta médica e fazer uma viagem de dois dias a Paris para encontrá-lo.
Essa alegre escapadela pode ser interpretada como uma fábula urbana sobre a busca por liberdade e autoconhecimento em um mundo cada vez mais padronizado — e um elogio a quem, como Brigitte, ousa sair em busca de um tipo particular de felicidade. Estreou em 18/9/2014.
Fonte: Veja São Paulo
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Isabelle Huppert parte em busca de emoção em ‘Um Amor em Paris’

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Por Luiz Carlos Merten
Pelo menos de mulheres o cinema francês vai bem, obrigado. Além da eterna Catherine Deneuve, tem uma estrela como Marion Cotillard e uma atriz como Isabelle Huppert. Estão todas em cartaz nos cinemas da cidade. Deneuve em O Novo Dueto, Marion em Era Uma Vez em Nova York e Isabelle em Um Amor em Paris. É o melhor dos três (filmes). Isabelle reencontra seu diretor de Copacabana, Marc Fitoussi. Ambos estiveram no Brasil participando do Festival Varilux. Fizeram-se os maiores elogios mútuos. Isabelle revelou que está partindo para seu terceiro longa com Fitoussi.
Em 1991, Claude Chabrol fez de Isabelle Huppert a protagonista de sua adaptação do romance Madame Bovary. Quando foi publicado, o livro provocou escândalo e sofreu acusações de ofensa à moral e à religião. Para defender-se, o autor, Gustave Flaubert, prestou a célebre declaração – “Emma Bovary sou eu.” Dona de casa interiorana e insatisfeita. Isabelle volta ao papel em Um Amor em Paris. Casada com Jean-Pierre Darroussin, ela leva uma vida insossa, cuidando da casa e da fazenda na Normandia.
François Truffaut, nos anos 1980, fez A Mulher do Lado. Fitoussi faz o que não deixa de ser ‘o carinha do lado’. Isabelle conhece numa festa na casa ao lado um parisiense pra lá de charmoso. Pouco importa que seja mais jovem. Ela inventa uma consulta médica em Paris e vai atrás dele. O marido desconfia. Todos os caminhos levam a Paris. Isabelle, em busca de emoção (e liberdade). O marido, em busca da mulher. Mais do que Chabrol (e Flaubert), Fitoussi talvez emule o primeiro Federico Fellini (solo), Abismo de Um Sonho. Seu filme tem humor, é bem escrito (e realizado). E Isabelle é ótima como mulher em busca de um sonho.
Fonte: O Estado de S. Paulo
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Em ‘Um Amor em Paris’ Isabelle Huppert interpreta esposa infeliz

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Por Luiz Carlos Merten
Durante sua recente visita a São Paulo, num encontro com o público, Isabelle Huppert anunciou que já tem engatilhado novo projeto com Marc Fitoussi. E não poupou elogios ao diretor de Um Amor em Paris, que estreou ontem na cidade. Isabelle, grande atriz de teatro e cinema, já foi Madame Bovary para Claude Chabrol. A sombra da heroína de Gustave Flaubert não deixa de se projetar sobre sua nova personagem.
O filme conta a história de uma mulher insatisfeita, como Emma Bovary. Brigitte (Isabelle) é casada com Xavier, interpretado por Jean-Pierre Darroussin, ator frequente no elenco do cineasta de Marseille, Robert Guédiguian.
Brigitte não anda muito feliz da vida com seu casamento, que parece estagnado. A grande crise explode quando ocorre uma festa na casa ao lado, e ela se sente atraída por um convidado. O casal vive numa cidadezinha da Normandie. O cara é de Paris. Brigitte, arranjando um pretexto qualquer, vai atrás dele. O marido, pressentindo alguma coisa, vai atrás.
Embora seu enredo não seja exatamente original, Fitoussi tira bom proveito de tudo. Dos diálogos e das situações, que vão revelando o casal e seu entorno; dessa Paris cosmopolita que parece propícia ao adultério de Brigitte; da trilha que mistura jazz e pop em boas medidas, e principalmente do elenco. Isabelle chegou a desmentir Fitoussi. Ele disse para o repórter que é muito aberto às improvisações dos atores. Chegou a sugerir que Isabelle e Darroussin tiveram toda liberdade para reinventar seus diálogos. Ela retrucou que o filme é completamente escrito e que Fitoussi fazia questão de filmar tal qual.
E Isabelle chegou a brincar. Não é por ser uma simples – aparente? – comédia romântica da meia-idade que um filme deixa de ser elaborado, pensado nos detalhes. Fitoussi é craque na observação humana e arte social. Mas é um milagre que, com toda sua inventividade, a química de seu filme funcione tão bem. ‘Um Amor em Paris’ é o que o novo Woody Allen não consegue ser.
Fonte: O Estado de S. Paulo
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Universo feminino é tema de Um amor em Paris

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Por Ernesto Barros
O cineasta francês Marc Fitoussi está longe de ser um novo François Truffaut. Mas eles têm um ponto em comum: amam as mulheres sob todas as coisas. Pelo menos em dois filmes lançados no Brasil, Fitoussi apresenta um interessante retrato feminino, a partir de uma estreita colaboração com a atriz Isabelle Huppert.
Tanto em Copacabana (FRA/BEL, 2010) quanto em Um amor em Paris (La ritournelle, FRA, 2014), que estreia hoje no Moviemax Rosa e Silva, Isabelle interpreta uma mulher que, de tão comum, torna-se especial. No primeiro, exibido no Recife há menos de dois anos, ela faz uma mulher apaixonada por samba e bossa nova que sonha em conhecer o Rio de Janeiro.
No novo filme, ela é Brigitte, mulher de meia idade, mãe de um rapaz e casada com Xavier (Jean-Pierre Darroussin), fazendeiro da Normandia. Acometida de alergia no colo, Brigitte parece culpar o marido por seu desconforto.
Esse sentimento a leva a Paris, aparentemente para consulta médica. Lá encontra um ortodontista dinamarquês com quem passa algumas horas. A pequena aventura é suficiente para valorizar a vida, simples assim, ao lado do marido.
Fonte: Jornal do Commercio
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Isabelle Huppert vive uma crise no relacionamento em Um amor em Paris

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Por Ricardo Daehn
Há um limite tênue entre a invejável disposição de elegantes intérpretes pra lá de maduras e a extravagância degradante de celebridades globais em desacordo com a certidão de nascimento. Impecável, Isabelle Huppert figura, claro, no primeiro grupo.
A mais nova comédia de Marc Fitoussi confirma o encanto dele pela alma jovial da francesa que esteve no elenco de Copacabana. Sai a carga deprê da Huppert de filmes recentes como A bela que dorme para dar passagem àquela capaz de encarnar Brigitte, com todo gás e repleta de presença de espírito.
No quarto longa de Marc Fitoussi, a personagem Brigitte vive num meio rural, ao lado do pacato marido Xavier (Jean-Pierre Darroussin). Numa centelha de sorte, ela vê a conjunção fome e vontade de comer acertar o passo: logo na casa ao lado, um entediado rapaz que atende por Stan (Pio Marmaï) pretende ampliar as tonalidades de paqueras.
Juntos, talvez até formassem um belo casal. Mas Stan tem compromissos assumidos em Paris, e Brigitte paga passagens e estadia dos dois na capital.
Na temporada de caça, ela praticamente tropeça no dinamarquês Jesper, representado por Michael Nyqvist. Não bastasse a estimulante ciranda de flertes, o diretor consegue outro feito: pela trilha sonora, promove uma recuperação de belas composições de jazz, restaurando figuras como Sacha Distel e Monica Zetterlund.
Fonte: Correio Braziliense
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Um Amor em Paris (2013): sensibilidade dá o tom certo à comédia dramática

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Por Susy Freitas
Logo nos primeiros momentos de “Um Amor em Paris”, percebemos que sua comicidade é apoiada muitas vezes por certa tensão. E como toda boa tensão, ela não se manifesta de maneira violenta ou explícita. É com esse tom que somos apresentados à protagonista Brigitte (Isabelle Huppert), uma mulher madura e com um jeito enérgico que contrasta com a tranquilidade do marido, Xavier (Jean-Pierre Darroussin), assim como com a rotina repetitiva e pesada da vida no campo.
A inquietação de Brigitte se manifesta por um problema de pele, ao qual os médicos apontam causas emocionais, mas também pela sua vontade de viver para além dos cuidados com os animais que cria com o marido. Ela tateia sua inquietude, tal como quando percebe que ainda é capaz de atrair homens mais jovens como Stan (Pio Marmaï) ou de se divertir em uma festa local. Unindo o útil ao agradável, ela decide se tratar na capital, Paris, mas o que deseja mesmo é fugir um pouco de seu cotidiano, e aí começa uma desnorteada tentativa de autodescoberta.
É interessante observar como o diretor Marc Fitoussi equilibra a narrativa de “Um Amor em Paris”. A sutileza na representação das tensões de Brigitte é a mesma na representação de sua curiosidade ao vagar meio perdida por Paris, e com a mesma delicadeza surgem pequenos momentos cômicos, apoiados pelo tom natural da interpretação de Huppert mesmo nas situações que flertam com o absurdo. Que o diga o encontro “acidental” com Stan na capital ou o passeio na roda gigante!
Por sua vez, os elementos próprios à linguagem cinematográfica casam com a suavidade com que Fitoussi conduz o filme. A fotografia, por exemplo, encarrega-se de que os tons pálidos e cinzas de Paris pouco contrastem com os verdes frios do interior da França, o que de certa maneira uniformiza a insatisfação de Brigitte nos dois locais. Já a direção de arte parece querer deixar implícita a discrepância entre a casa de Brigitte, repleta de objetos antigos (os quais lembram um antiquário, como outra personagem bem destaca) e a pretensa e impessoal tecnologia do hotel em que ela se hospeda, no qual uma mensagem em inglês na televisão dá boas vindas à hóspede. A montagem, por sua vez, foca em planos pouco ousados em termos de duração ou enquadramento, mas que combinam com o intimismo da trama ao não chamar a atenção para o recurso.
Em termos de atuação, há de se destacar como Huppert constrói a personagem principal. Depois de papéis em filmes de pegada bem pesada como “A Professora de Piano” (2001) ou “Amor” (2012), a atriz surpreende ao humanizar a figura de uma mulher em busca de sua redescoberta, mas sem dar a isso um tom solene. Sua Brigitte é decidida, mas também tem seus momentos de confusão como qualquer outra pessoa. Ainda que belíssima para sua idade (uma “loba”, como brinca Stan) e com certa consciência disso, a personagem não se desenvolve em cima de nenhum clichê de femme fatale ou de “garota atrapalhada” a la Cameron Diaz nas comédias românticas hollywoodianas.
Jean-Pierre Darroussin também acerta como contraponto a Huppert. A passividade de Xavier nunca descamba para o exagero e se manifesta em pequenos detalhes como a voz tranquila ou a quase infantilidade com que lida com o computador (existe coisa mais antiquada que colocar o nome da esposa como senha?). A subtrama de Xavier, na qual ele vai atrás da esposa quando descobre que na verdade ela não marcou nenhuma consulta em Paris, dá-se de maneira diferente da de Brigitte, mas é igualmente sensível em sua condução e dimensiona a comédia por trazer as inesperadas consequências da pequena aventura dela.
Outro ponto positivo do longa é o fato de trazer ao público uma história sobre relacionamentos que não foca no início de um, mas sim no “meio”, e com personagens um tanto longe da juventude. O retrato de pessoas vivenciando suas dúvidas, inquietações e desejos sentimentais é, em grande maioria, associado a personagens na casa dos 20-30 anos, principalmente nas comédias românticas norte-americanas que inundam as salas de cinema, então ver esses sentimentos tão absolutamente humanos atrelados a personagens mais velhos e constatar que sim, há vida emocional após os 40 ou 50 anos, é sempre uma redescoberta gostosa. E com a condução de Fitoussi, fica difícil não se encantar.
Fonte: Diário do Nordeste / Cinema com Rapadura
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