Há  séculos, Veneza sobrevive, com símbolos que remetem a amores  eternos e  passionais como o de Romeu e Julieta. Através das suas  histórias de  carnavais mascarados, de intenso mercantilismo e trocas de   produtos medievais, deixando-se levar pelo vagaroso traçado  de gôndolas  por entre seus canais, Veneza ultrapassa  festivais de  cinema,  reorganiza mentalidades, cristaliza sonhos de paixões  avassaladoras,  cenas de lua de mel, magias de casais que a ela recorrem  com esperanças  de momentos inesquecíveis.
Considerada a cidade mais romântica    do mundo, é cenário de turismo  afetivamente compartilhado por  pessoas  de todos os lugares do  planeta, que sonham pelo menos ir a Veneza, um  dia durante toda a vida.
 Ela nos espera, pacientemente,  afundada, dizem os experts, em  problemas ambientais graves, mas com   seus ares de soberba  inconsequencia para estudiosos do seu planejamento  urbano inconcebível  para os  séculos  XX e XXI.
Mesmo assim,  Veneza não perdeu o glamour. Com certeza, eu a  incluirei numa próxima  viagem a Europa, esperando  encontrar alguém  especial que a valorize como eu. Um mago da   idade  Média estará,por  essas  horas a movimentar seus pendores  extra-sensoriais e decerto  premedita os instantes em que a Veneza  lendária se livrará do estigma  de ter sobrevivido sem nós, por tantos  séculos.
A  cidade viverá  então um renascer de  possibilidades, já que abriga  saudosas lembranças, e há, no  seu  entorno, a mescla possível quando  se mistura realidade e fantasia,   nossa presença encherá de alegria a  tal Veneza que parece triste.
Assim  foi cantada tantas vezes, por Charles Aznavour, quando alguém  volta a  ela, solitário e nostálgico. “Venezia sin ti ” é o titulo da  famosa  canção em espanhol, apontando para o fato de que estar naquela  cidade  italiana recordando alguém, deve ser mesmo uma tortura  emocional, uma  prova de fogo ou a suprema sensação do  abandono.
Chegar a Veneza como a personagem Rosalba, do filme  Pão e Tulipas,  fugindo da vida cansativa de dona de casa  incompreendida  pela família,  e  extasiar-se com a manhã na Praça s. Marco, traduz  o   encantamento  que a cidade  tão antiga e tão misteriosa nos oferece.
Entretanto, a  Veneza inconfundível pela alegria do seu carnaval que,  a nu, é mesmo  tão vestido quanto se oculta em castelos de velas  mágicas, e age,  no  amor, sob o feitiço de máscaras de renda e plumas,  com tantas  inquietações,  esta é infestada de expectativas.
Suas construções nos indagam, posso ouvir : – como Veneza sobrevive ainda, sem eu e sem ti?
 Logo  estaremos juntos, ali, para proclamar a emoção dos que  transformam  sonhos em realidade, assim como eu e como tu, cavaleiro  solitário que  me fará a corte, cópia fiel  dos velhos tempos. Eu e  tu,  em Veneza, finalmente, juntos.
Cida Torneros
Cida Torneros
 
 
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