domingo, 10 de outubro de 2010

Reginella depois da meia-noite

 
Ja passa da meia-noite, o sono nao chegou, busquei a televisao e a apresentadora citou a cancao Reginella que tanto a emociona, interpretada por Massimo Raniere, no original em dialeto napolitano.

Vou ao computador para reencontrar os versos de um amor de anteontem, quando duas pessoas se amaram, com

intensidade, e agora, distraidamente, uma delas pensa na outra. Imagens de amores arrefecidos ser'ao sempre um convite ao emotivo sentido da saudade com seu sabor de lembrar o que ja passou mas ainda se encontra presente na memoria dos sentidos.

Reviver os momentos de paixao traz a superposicao de alegria triste ou de tristeza alegre, coisa meio inexplicavel, coisa de ser humano que fica ancorado em algum instante da propria vida, se poe ali, como amarrado ao porto com seu barco que estaciona e nao volta a navegar.



Recordo que algum dia vislumbrei o horizonte onde alguem me apontou a luz do amanhecer, tao prodigo de promessas. Era a hora de fazer planos, imaginar o futuro, criar fantasias e gerar expectativas. Como na cancao, a alma voa para os lugares onde se viveu amores com chapeus, fitas, flores, sorrisos, beijos, onde o amor pareceu eterno, invadiu com sua chama os coracoes que se entregaram em combustao. Passaros de fogo, amantes incendiados, ardentes consumindo-se nos limites do amor para um dia vivenciar suas lembrancas.
Reginella pode ser a ave livre que sobrevoa o universo com suas asas leves, pode ser a incerteza das juras de amor, aquelas juras cujas razoes se dissipam para dar lugar a pensamentos distraidos, discretos, amansados, que o tempo se encarrega de minimizar, ou de apagar as linhas mais fortes, permitindo apenas que se ouse chamuscar de pequenas faiscas aqueles sentimentos que nos enganavam, iludiam, diziam ser amor, mas se perderam ou se encantaram, para sempre.


Cida Torneros




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